A vibrante tradição do Maracatu Rural é a estrela de uma exposição gratuita na Av. Paulista, oferecendo uma imersão na cultura nordestina até 9 de junho. Com curadoria de Afonso Oliveira e a participação do Mestre Luiz Caboclo, a mostra traz para o coração de São Paulo a essência dessa expressão cultural rica.
Maracatus de Pernambuco
Em Pernambuco, há os Maracatus de Baque Virado (Maracatu Nação) e os Maracatus de Baque Solto (Maracatu Rural). Cada um tem sua característica própria. O Maracatu Nação, por exemplo, remonta às festas organizadas por grupos de escravos que celebravam nos pátios das igrejas a coroação do Rei do Congo. O ritmo foi depois inserido aos festejos carnavalescos.
Já na Zona da Mata, o maracatu tomou outra feição e recebeu o nome de Maracatu Rural, tema da nova exposição da Fiesp. Lá, os caboclos de lança fazem um desfile que lembra batalha. Há duas trincheiras, cada uma obedece ao comando de um caboclo de frente, que conduz as manobras ordenadas pelo mestre. Eles correm de um lado para o outro, sacudindo as lanças, executando manobras chamadas de “caídas”. A apresentação também tem um ritmo mais rápido dos chocalhos, além do uso de cuíca e instrumentos de sopro (trombone e trompete). O canto é de responsabilidade do mestre de apito ou poeta e contra-mestre.
Mostra em São Paulo
A mostra oferece um panorama detalhado dessa prática com raízes no início do século XX, desde a ornamentação única dos caboclos de lança até a dinâmica musical que envolve cuíca, trombone e trompete. Elementos visuais e históricos são complementados por histórias de resistência e transformação, evidenciando o Maracatu como uma forte expressão de identidade cultural e resistência.
Esta exposição também ilumina o papel das mulheres no Maracatu Rural, destacando iniciativas como o Maracatu de Baque Solto Feminino Coração Nazareno, que marca a luta das mulheres no universo canavieiro.
Importância do Maracatu para o Brasil
Essa expressão é reconhecida como um mecanismo de resistência dos escravizados em relação à opressão dos colonizadores portugueses. Após o fim da escravidão no Brasil no final do século XIX, o maracatu começou a ser inserido de forma gradual como parte das comemorações carnavalescas da cidade de Recife.