A crise dos sem-teto é um desafio global, mas Halifax, no Canadá, adotou uma postura diferente ao regulamentar acampamentos de sem-teto em vez de bani-los. A medida busca enfrentar uma das maiores crises sociais da década e oferecer soluções temporárias até que moradias acessíveis sejam construídas.
Acampamentos de sem-teto
Halifax, maior cidade da costa atlântica canadense, passou de 18 pessoas sem-teto em 2018 para mais de 200 em 2023. Com abrigos superlotados e sem novas moradias públicas desde 1995, a cidade designou nove locais específicos para acampamentos, oferecendo banheiros portáteis e visitas regulares de assistentes comunitários.
Apesar dos elogios por evitar a criminalização dos sem-teto, moradores e políticos locais criticam a medida, que ainda é provisória. Muitos acreditam que a solução deveria focar em moradias acessíveis.
Contraste com outras cidades da América do Norte
Enquanto Halifax adota uma abordagem de acolhimento, cidades como Fresno, nos EUA, têm endurecido as políticas contra os acampamentos. Desde 2021, as autoridades na Califórnia desmontaram mais de 12 mil acampamentos, com base na decisão da Suprema Corte americana que autoriza multas e prisões de pessoas sem-teto, mesmo sem alternativas de abrigo.
No Canadá, decisões judiciais recentes obrigam cidades a permitir acampamentos se não houver abrigos disponíveis. Isso reflete uma visão crescente de que as remoções forçadas falharam em solucionar o problema.
Insights e perspectivas
Halifax representa uma mudança de paradigma no tratamento dos sem-teto, mas o caminho ainda é longo. Segundo especialistas, a crise habitacional está sendo impulsionada pelo aumento do custo de vida, salários insuficientes e a falta de moradias acessíveis.
A ausência de serviços médicos acessíveis para pessoas com problemas de saúde mental e física agrava essa crise e impede sua reintegração à sociedade.
Além disso, muitos questionam a eficiência dos acampamentos designados como solução de longo prazo. Embora ofereçam alguma estabilidade, eles não resolvem a raiz do problema: a falta de moradia digna.