Evidências revelam que borboletas cruzaram o oceano; entenda

Descubra como cientistas rastrearam a travessia atlântica de borboletas usando genética e isótopos.
Evidências revelam que borboletas cruzaram o oceano; entenda
(Foto: Debadutta/Pexels).

Uma equipe internacional de cientistas, liderada por Gerard Talavera do Instituto Botânico de Barcelona, documentou pela primeira vez borboletas realizando uma travessia oceânica. Este estudo foi publicado na revista Nature Communications. Ele lança luz sobre o fenômeno migratório das damas-pintadas. Aparentemente, as borboletas cruzaram o Oceano Atlântico para chegar à América do Sul.

O início dessa investigação remonta a uma observação feita por Talavera em outubro de 2013. Ele encontrou várias borboletas da espécie Vanessa cardui, conhecidas como damas-pintadas, encalhadas em uma praia da Guiana Francesa. Este avistamento foi particularmente intrigante, pois esta espécie não é nativa do continente sul-americano.

A condição física das borboletas sugeriu que haviam completado uma jornada extenuante. O estado deteriorado de suas asas indicava que a travessia havia sido árdua e desafiadora. Movido pela curiosidade e pela possibilidade de um fenômeno migratório até então desconhecido, Talavera iniciou uma pesquisa profunda.

Técnicas de pesquisa utilizadas

Utilizando uma técnica avançada de sequenciamento genético conhecida como DNA metabarcoding, a equipe de Talavera analisou amostras de pólen encontradas nas borboletas. Os resultados foram surpreendentes. O pólen correspondia a plantas típicas da flora da África Ocidental. Essa região floresce nos meses de agosto a novembro, coincidindo com o período de migração desses insetos.

 

Para complementar a análise de pólen, a equipe também sequenciou o genoma das borboletas. Os dados genéticos confirmaram que as damas-pintadas possuíam raízes genéticas que ligavam a Europa Ocidental e a África Ocidental. Isso descartou a possibilidade de uma migração terrestre a partir da América do Norte. Adicionalmente, um estudo de rastreamento de isótopos reforçou essas descobertas.

David Lohman, ecologista evolucionário do City College de Nova York, elogiou o estudo. Ele descreveu-o como um notável trabalho de detetive biológico. “Os métodos utilizados pela equipe não só confirmam a rota transatlântica das borboletas, mas também estabelecem um novo paradigma para o estudo de migrações de insetos,” explicou Lohman.

Implicações e conclusões do estudo

Os pesquisadores também avaliaram dados meteorológicos. Eles indicaram a presença de ventos fortes e favoráveis que poderiam ter ajudado as borboletas a cruzar o Oceano Atlântico. Este componente climático sugere que as condições ambientais desempenham um papel fundamental nas rotas migratórias desses insetos.

Além de resolver o mistério da presença dessas borboletas na América do Sul, o estudo demonstrou a importância das migrações de insetos. Pois estima-se que trilhões de insetos migram sobre o sul da Inglaterra todos os anos. Assim, eles impactam ecossistemas por meio da dispersão de pólen e patógenos.

Jessica Ware, bióloga evolucionária do Museu Americano de História Natural, também comentou sobre a inovação das técnicas aplicadas. “Este estudo não apenas revela aspectos desconhecidos das migrações de insetos, mas também nos equipa com ferramentas para entender melhor esses fenômenos,” afirmou Ware.

Essa pesquisa não apenas ilustra a resiliência e capacidade de adaptação das damas-pintadas. Ela também sublinha a complexidade dos padrões migratórios de insetos e a necessidade de mais estudos para explorar esses processos. Dessa forma, com a combinação de técnicas genéticas e isótopos, cientistas agora têm uma base mais sólida para rastrear as rotas migratórias de insetos. Isso amplia nosso entendimento sobre a interconexão dos ecossistemas globais.

Siga nas Redes Sociais

Notícias Relacionadas