A atriz Zezé Polessa encarna Nara Leão (1942-1989) em seu novo trabalho, o monólogo musical “Nara”, escrito especialmente para ela por Miguel Falabella, que também assina a direção. No espetáculo, a cantora, uma mulher à frente de seu tempo, surge de algum lugar do futuro (ou do passado) para dividir com o público lembranças e reflexões. Após uma temporada no Rio de Janeiro, a peça agora vai ser encenada a partir de amanhã (30) na Caixa Cultural, em Brasília.
Inspiração na biografia
A ideia da peça começou quando Zezé Polessa leu a biografia “Ninguém pode com Nara Leão”, de Tom Cardoso. “Foi a primeira que li, e realmente fiquei encantada com essa mulher. Ela fala com muita desenvoltura e coragem de muitos assuntos. Acho que é um espetáculo revelador não só da carreira musical, mas da vida de uma mulher moderna”, comenta Zezé.
Formação do espetáculo
Após isso, durante a pandemia, Miguel Falabella sugeriu a Zezé montar algo novo. Zezé então propôs levar Nara para o palco. Ela leu biografias, ouviu discos e assistiu a entrevistas e shows de Nara Leão. Nesse contexto, Miguel Falabella criou um texto poético no qual Nara volta ao palco do teatro vinda de um local ou tempo indefinidos. “É muito poético, não é em nada um musical jornalístico de fatos e datas. Tudo é possível, inclusive, eu me misturar com ela, me dissociar dela”, brinca Zezé.
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Estreia e apresentações
Com direção musical e arranjos de Josimar Carneiro, o musical “Nara” estreou em 29 de fevereiro no Teatro Firjan Sesi Centro, no Rio de Janeiro (RJ). Agora em Brasília, na Caixa Cultural, o monólogo fica em cartaz do dia 30 de maio ao dia 02 de junho.
História de Nara Leão
Na narrativa do monólogo musical, Nara Leão aparece na figura de Zezé Polessa e, através de um fluxo de consciência, compartilha momentos e músicas de sua trajetória. Nesse sentido, a peça abarca sua ruptura com a bossa nova, aparições em festivais, participações em shows teatrais como “Opinião” (1964) e “Liberdade, Liberdade” (1966), e incursão pela Tropicália.
Relembrando momentos e músicas
A atriz cresceu ouvindo canções como “Olê Olá”, “A Banda” e “Corcovado” na voz de Nara Leão. Na adolescência, fez um show na escola cantando músicas da musa da bossa nova. Desse modo, atraída pela modernidade da cantora e pela maneira como se relacionava com as questões da época, Zezé ficou admirada com a conexão de Nara com seu contexto. “Era uma pessoa muito do seu tempo, muito presente, não era uma artista isolada”, diz.
Primeiro álbum de Nara
Além disso, quando Zezé conheceu Miguel Falabella, em 1979, Nara Leão já tinha 15 anos de carreira fonográfica, iniciada em 1964 com o álbum “Nara”. Analogamente, no álbum, a cantora evocou a bossa nova e se conectou com compositores dos morros do Rio de Janeiro, contribuindo para a MPB que ganharia contornos mais nítidos a partir de 1965, na era dos festivais.
Homenagem à cantora
Desse modo, durante o espetáculo, Zezé revisita momentos importantes da vida de Nara, incluindo os primeiros discos, “Nara” e “Opinião”, além de “Coisas do Mundo”, no qual a cantora gravou “Little Boxes”, da ativista americana Malvina Reynolds. “Essa música é muito interessante porque fala dessa vida em caixinhas. É altamente crítica e revela muito dela. Uma música praticamente desconhecida e encantadora onde ela se coloca como uma pessoa que passou a vida saindo de caixas, principalmente como mulher”, avisa, portanto, Zezé.
Serviço
Temporada Brasília: 30 de maio a 02 dejunho / Quintas e sexta, 19h – sábados e domingos, 18h
Onde: CAIXA Cultural Brasília – SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4 – Brasília – DF CAIXA
Ingressos: R$30 e R$15 (meia)
Vendas: a partir de 25 de maio:às 9h, na bilheteria do teatro; às 13h, no site da Bilheteria Cultural.