Em um mundo cada vez mais acelerado e repleto de distrações, as estratégias da neurociência para aprender tornam-se ferramentas poderosas para transformar a forma como adquirimos conhecimento — inclusive em políticas públicas de educação.
Afinal, a ciência já comprovou que para aprender com eficiência, não basta disciplina ou repetição exaustiva. É necessário compreender como o cérebro funciona e aplicar estímulos que favoreçam a memorização, o foco e a criatividade, integrando corpo, ambiente e emoção ao processo de aprendizado.
Estratégias cientificamente comprovadas
Um estudo conduzido por Zelano et al., da Northwestern University, mostrou que respirar pelo nariz enquanto se aprende ativa o bulbo olfatório. Isso estimula o hipocampo, uma das regiões mais importantes para a memória e atenção. Essa estratégia simples da neurociência, além de ajudar a aprender, também reduz a ansiedade e aprimora o foco.
Conforme demonstrado por Moss et al. (2010), utilizar óleos essenciais de lavanda, alecrim e hortelã enquanto estuda pode ancorar o estado de atenção e, posteriormente, reativar memórias associadas àquele conteúdo. Esses gatilhos sensoriais têm sido cada vez mais usados em ambientes educacionais inovadores.
Estudos como o de Berman et al. (2008), da Universidade de Michigan, revelam que caminhadas em áreas verdes reduzem significativamente os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, ativam áreas cerebrais relacionadas à criatividade, contribuindo para maior clareza de pensamento e tomada de decisão.
Estratégias da neurociência para aprender na prática educacional
Algumas escolas públicas no Brasil já começaram a integrar essas descobertas às suas rotinas. Em Recife (PE), por exemplo, projetos de horta escolar e educação sensorial vêm sendo aplicados como forma de estimular o aprendizado por meio da integração com a natureza, aromas e atividades físicas leves.
Conforme o Censo Escolar (INEP, 2023), mais de 3 mil instituições de ensino já implementaram atividades extracurriculares que envolvem respiração consciente, mindfulness e jardinagem — práticas alinhadas às estratégias da neurociência para aprender de forma mais eficaz e prazerosa.
Falar e gesticular ajudam a aprender melhor, segundo a neurociência
De acordo com Fiorella e Mayer (2016), falar em voz alta sobre o conteúdo aprendido fortalece as conexões neurais. Esse hábito ativa o “efeito de elaboração”, facilitando o raciocínio e a retenção duradoura da informação. Além disso, Cook et al. (2010) mostraram que gesticular durante a aprendizagem ativa áreas motoras que colaboram com os centros de linguagem e memória.
Estratégia, leveza e ciência para transformar o aprendizado
Essas estratégias da neurociência para aprender indicam que estudar pode ser uma atividade mais leve e orgânica, quando alinhada às capacidades naturais do cérebro. Mais do que decorar conteúdos, trata-se de criar uma experiência significativa e integrada.
Essas descobertas também estão influenciando iniciativas públicas e privadas voltadas à educação neurocompatível, como é o caso da plataforma Neuroeduca Brasil, que capacita professores para integrar neurociência à sala de aula.
Ademais, organizações internacionais como a UNESCO já recomendam abordagens baseadas em neurociência para promover um ensino mais equitativo e centrado no aluno — sobretudo em tempos de transformação digital e múltiplos estímulos.