Proteção dos oceanos é o foco da terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (Unoc-3), que começou nesta segunda-feira (9), em Nice, na França. O encontro reúne representantes de diversos países com o objetivo de frear os danos causados pelo aquecimento global, pesca predatória e poluição por plásticos.
Atualmente, mais de um bilhão de pessoas dependem dos mares como principal fonte de alimento. Além disso, os oceanos abrigam mais de 250 mil espécies e são essenciais para o equilíbrio climático do planeta. No entanto, ameaças como o aumento da temperatura da água e o excesso de resíduos plásticos colocam em risco a proteção dos oceanos.
Aquecimento dos mares afeta o equilíbrio climático
Com o avanço do aquecimento global, os oceanos estão se tornando mais quentes e, por isso, menos capazes de manter a vida marinha. Segundo especialistas, o aumento de apenas 1,5ºC pode provocar a morte de grande parte dos recifes de corais. Se a temperatura subir 2ºC, o impacto se tornará irreversível.
Além disso, a água mais quente retém menos oxigênio, o que compromete a sobrevivência de plânctons, peixes e mamíferos aquáticos. Essa realidade já é visível em regiões como o Mar Báltico, na Alemanha, onde surgiram “zonas mortas”, áreas sem oxigênio suficiente para a vida.
Pesca predatória e plástico ameaçam a vida marinha
Outro desafio para a proteção dos oceanos é a pesca excessiva. A ONG WWF estima que o número de espécies afetadas triplicou nos últimos 50 anos. Quando a pesca é desregulada, as espécies não conseguem se recuperar, o que desequilibra todo o ecossistema marinho.
Ao mesmo tempo, a poluição por plástico cresce em ritmo alarmante. Estima-se que, até 2050, o peso do lixo plástico nos oceanos pode ultrapassar o de todos os peixes somados. Microplásticos e materiais de lenta decomposição afetam diretamente a saúde dos animais marinhos.
Correntes oceânicas influenciam o clima global
Os oceanos também regulam o clima da Terra. Correntes marítimas, como a Corrente do Golfo, distribuem calor entre os hemisférios e mantêm o clima ameno em regiões como a Europa. Contudo, o aquecimento excessivo ameaça essas correntes e, como consequência, altera padrões climáticos e agrícolas em todo o mundo.
De acordo com o serviço climático da União Europeia, 2023 e 2024 bateram recordes de temperatura na superfície do mar. Essa expansão térmica é o principal fator por trás do aumento do nível do mar.
Proteção dos oceanos e os esforços de proteção
Diversos países já adotaram zonas de proteção marinha. A maior está localizada na costa do Havaí, nos Estados Unidos. No entanto, menos de 9% dos oceanos estão protegidos, e apenas 3% dessas áreas proíbem a pesca. Embora seja um avanço, especialistas alertam que só as zonas protegidas não são suficientes para barrar a crise ambiental.
Por isso, a proteção dos oceanos também depende de acordos globais. Um dos principais é o Tratado do Alto-Mar (BBNJ), assinado em 2023 após 15 anos de negociações. Contudo, ele só entra em vigor quando for ratificado por 60 países. Até agora, apenas 32 o fizeram.
Proteção dos oceanos e as metas para o futuro dos mares
A comunidade internacional também estabeleceu a meta de proteger 30% dos oceanos até 2030. Apesar dos desafios políticos e ambientais, pesquisadores acreditam que ainda há tempo para preservar esse patrimônio natural.
“Se agirmos agora, poderemos garantir aos nossos filhos e netos um oceano semelhante ao que nossos avós conheceram”, afirmou o cientista Carlos Duarte, da Universidade Rei Abdullah, na Arábia Saudita.