A arte em Naoshima promove uma verdadeira revolução cultural e social na pequena ilha japonesa localizada no Mar de Seto. O que antes era uma área industrial degradada, com queda populacional e alto índice de poluição, hoje se transformou em um centro internacional de arte contemporânea e turismo sustentável.
O projeto teve início em 1989, com a criação do Benesse Art Site, idealizado por Sōichirō Fukutake e executado pelo arquiteto Tadao Andō. A proposta era, sobretudo, transformar a ilha por meio da arte, respeitando a paisagem natural e envolvendo a comunidade local. Desde então, Naoshima passou a receber mais de 500 mil visitantes por ano, atraídos por museus, instalações e experiências únicas. Além disso, a iniciativa ressignificou a identidade do território.
Arte em Naoshima ganha força com a Trienal de Setouchi
Um dos principais marcos do avanço da arte em Naoshima foi o lançamento da Trienal de Setouchi, em 2010. Desde então, o evento se consolidou como um dos maiores festivais de arte contemporânea do Japão, atraindo cerca de um milhão de pessoas a cada edição.
Ao mesmo tempo, a paisagem urbana e rural foi transformada em uma galeria a céu aberto. Obras icônicas como a abóbora de Yayoi Kusama e instalações em casas abandonadas simbolizam essa reinvenção. Dessa forma, as intervenções unem arte, memória e cotidiano, despertando o interesse de visitantes do mundo inteiro.
Comunidade local cresce junto com a arte em Naoshima
Inicialmente, muitos moradores locais mostraram ceticismo quanto ao impacto da arte na região. No entanto, o tempo provou que a arte em Naoshima trouxe benefícios reais. Pousadas, cafés e pequenos comércios prosperaram, enquanto novos profissionais migraram para a ilha em busca de qualidade de vida e oportunidades no setor criativo.
Nos últimos cinco anos, mais de 500 pessoas — especialmente casais jovens — se estabeleceram em Naoshima. A recuperação ambiental e o crescimento do turismo também contribuíram para melhorar a infraestrutura da ilha. Além disso, o sentimento de pertencimento e o orgulho comunitário foram renovados.
Arte, natureza e identidade como motores do futuro
O sucesso da arte em Naoshima inspirou diversas iniciativas semelhantes em ilhas vizinhas, como Momoshima e Ōmi-shima. Por consequência, museus, centros culturais e residências artísticas foram criados com base no mesmo princípio: valorizar o que já existe e transformar espaços comuns em experiências criativas.
Para a curadora Eriko Ōsaka, Naoshima representa mais do que um destino turístico. Segundo ela, os visitantes vivenciam na ilha uma jornada sensorial e emocional, marcada pela harmonia entre arte, paisagem e comunidade. Portanto, a arte foi capaz de mudar a imagem da ilha de negativa para positiva, deixando um legado inspirador e duradouro.