Categoria Cultura

Sebastião Salgado deixa legado de defesa da Amazônia

Sebastião Salgado morreu aos 81 anos e deixou um legado de imagens que retratam a Amazônia, os povos indígenas e a urgência da preservação ambiental

Sebastião Salgado morreu aos 81 anos e deixa um legado de imagens que defendem a Amazônia e os povos indígenas do Brasil.

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia. Reconhecido mundialmente por sua obra comprometida com causas sociais, Salgado dedicou os últimos anos a registrar a Amazônia e os povos indígenas, deixando um legado que vai além da fotografia.

Durante sete anos, Sebastião Salgado desenvolveu o projeto Amazônia, transformado em livro e em uma exposição que percorreu cidades como Roma, Londres, Paris e São Paulo. Por trás das belas imagens em preto e branco de rios, montanhas e florestas, estão registros de violações de direitos, como conflitos com garimpeiros e madeireiros, abandono médico e perseguições. Dessa forma, suas obras revelam tanto a beleza da região quanto a urgência de protegê-la.

A DEFESA DOS POVOS INDÍGENAS NA OBRA DE SEBASTIÃO SALGADO

Sebastião Salgado foi o primeiro a fotografar os korubo, em 2017, e também retratou os marubo, com cerca de 2.500 pessoas no Vale do Javari. A região abriga ao menos 14 grupos indígenas isolados, sendo considerada a maior concentração de povos não contatados do mundo. Além disso, ele visitou comunidades como os yanomami e os Yawanawá, captando imagens potentes de seus rituais e lutas por dignidade.

O envolvimento com os povos originários foi além da lente. Em 2022, Beto Marubo, da Univaja, revelou que inicialmente recusou o convite de Sebastião Salgado para registrar os korubo. Contudo, após semanas de diálogo, entendeu que o fotógrafo queria mostrar ao mundo o que poucos conheciam. Segundo ele, Salgado se comprometeu a levar as vozes indígenas aos espaços de debate.

UM OLHAR SENSÍVEL E COMPROMETIDO COM A FLORESTA

A curadora e companheira de vida, Lélia Wanick Salgado, destacou em diversas entrevistas a importância de os brasileiros reconhecerem a Amazônia como parte essencial de sua identidade cultural, ambiental e social. Segundo ela, é fundamental que a população entenda que aquela imensidão de floresta, biodiversidade e saberes milenares pertence a todos nós. “Temos que tomar conta da casa”, afirmou em 2022, durante a exibição da mostra Amazônia, em São Paulo. Entre os muitos povos retratados no projeto estão os Yawanawá, que protagonizam uma história de transformação. Até os anos 1980, viviam em condições precárias nos seringais do Acre.

Contudo, por meio de um processo coletivo de reconstrução, hoje se tornaram exemplo internacional de sustentabilidade, valorização cultural e protagonismo indígena. Dessa forma, a trajetória de Sebastião Salgado representa não apenas uma superação histórica, mas também um modelo inspirador de resistência e inovação dentro dos próprios territórios.

As imagens de Sebastião Salgado não apenas eternizaram a resistência indígena em sua forma mais genuína, como também ajudaram a sensibilizar o público global sobre a importância da preservação dos povos e das florestas. Ao escolher documentar esses territórios e comunidades com profundidade e respeito, o fotógrafo mostrou ao mundo que a Amazônia vai além de uma paisagem: ela tem rostos, nomes, histórias e sabedorias que precisam ser conhecidas e protegidas. Ou seja, por meio de sua lente, Salgado aproximou realidades distantes, despertando empatia, reflexão e um novo senso de responsabilidade coletiva diante da crise ambiental e dos direitos dos povos originários.

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