O projeto DNA do Brasil revelou mais de 8,7 milhões de variantes genéticas inéditas após o sequenciamento do genoma de 2.700 brasileiros. O estudo, considerado o maior do tipo já feito no país, foi conduzido por cientistas da USP e publicado na revista Science. Além disso, os resultados mostram como a ancestralidade diversa da população brasileira se reflete diretamente na sua composição genética.
Com isso, o levantamento contribui para avanços na medicina personalizada e amplia o entendimento sobre o DNA do Brasil e a saúde da população. Por essa razão, os dados obtidos já estão sendo aplicados na melhoria de diagnósticos e na interpretação de mutações antes pouco compreendidas. Dessa forma, o projeto fortalece o papel da ciência nacional na construção de soluções mais eficazes e inclusivas.
DNA do Brasil mostra como a ancestralidade molda a saúde
Liderado por pesquisadoras da USP e publicado na revista Science, o estudo é o maior levantamento genético já feito no país. O DNA do Brasil mostra como a história brasileira se reflete na biologia da população. A análise apontou que os genomas têm, em média, 59,1% de ancestralidade europeia, 27,1% africana, 13,2% indígena e 0,6% asiática.
A iniciativa surgiu para corrigir a baixa representatividade de brasileiros nos bancos genéticos internacionais. Isso limita o uso de ferramentas modernas da medicina, como o cálculo de risco genético para doenças complexas. O projeto já identificou 36 mil variantes deletérias e outras associadas a benefícios, como maior fertilidade e melhor resposta imune.
Diversidade genômica do Brasil tem aplicação clínica imediata
O sequenciamento realizado pelo DNA do Brasil ajuda médicos a interpretar mutações antes consideradas raras. Muitas vezes, essas variantes só eram desconhecidas porque os bancos de dados globais contavam, em sua maioria, com genomas de pessoas brancas europeias. Com os dados brasileiros, é possível aprimorar diagnósticos e tratamentos, especialmente em casos como câncer hereditário.
Segundo Lygia da Veiga Pereira, uma das coordenadoras do projeto, a diversidade brasileira representa um trunfo para a ciência. “Estamos mostrando a biologia por trás daquilo que já celebramos em nossa cultura”, diz ela.
DNA do Brasil amplia inclusão científica e genética
O projeto segue com o sequenciamento de mais 6 mil genomas, incluindo indígenas e pessoas negras. A expectativa é que mais variantes sejam descobertas, fortalecendo a medicina de precisão no Brasil.
O DNA do Brasil também abre caminho para entender melhor a ancestralidade nacional e seus impactos sociais e clínicos. Além disso, os dados ampliam a inclusão científica de grupos historicamente sub-representados, oferecendo respostas mais precisas para questões de saúde pública. Por consequência, o país poderá desenvolver políticas de saúde mais eficazes, baseadas em evidências genéticas da própria população.
Enquanto isso, os pesquisadores reforçam a importância de investir em ciência nacional para que os avanços beneficiem diretamente os brasileiros. Assim, o projeto DNA do Brasil não apenas representa um marco na pesquisa genética, como também simboliza um passo importante rumo à equidade no acesso à saúde e ao conhecimento.