Após anos seguidos de derretimento recorde, o gelo na Antártida começa a dar sinais de recuperação. De acordo com dados do National Snow and Ice Data Center (NSIDC), de abril de 2025, a extensão da calota polar antártica registrou um aumento de aproximadamente 5% em relação à média dos últimos cinco anos. Embora esse crescimento ainda não reverta os impactos das últimas décadas, os especialistas consideram o fenômeno um sinal positivo.
Além disso, pesquisadores da NASA confirmam que o aumento está sendo monitorado por imagens de satélite e cruzamento com dados meteorológicos. Ainda que a tendência não seja linear, o crescimento observado indica uma mudança temporária no padrão climático do Hemisfério Sul, especialmente com a intensificação do fenômeno La Niña.
Condições climáticas impulsionam o retorno do gelo na Antaártida
O retorno parcial do gelo na Antártida tem relação direta com mudanças temporárias nos padrões atmosféricos e oceânicos. Segundo o climatologista Walter Meier, do NSIDC, a intensificação de ventos frios e o resfriamento das correntes oceânicas próximas ao continente antártico contribuíram para o aumento da cobertura de gelo no outono de 2025.
Além disso, a presença do La Niña fortaleceu correntes frias e reduziu temporariamente o derretimento. No entanto, os especialistas alertam que esses fatores são pontuais e não representam, necessariamente, uma inversão definitiva do aquecimento global. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) reforça que esse tipo de recuperação pode ocorrer em ciclos curtos, mas o panorama a longo prazo ainda exige atenção.
Gelo na Antártida, impactos e expectativas futuras
O crescimento recente do gelo na Antártida levanta debates entre os cientistas sobre a estabilidade do clima no planeta. Para muitos especialistas, o fenômeno oferece uma oportunidade valiosa para estudos mais aprofundados sobre a interação entre oceano, atmosfera e gelo.
Por outro lado, os pesquisadores destacam que esse aumento não deve ser usado como argumento para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Como destaca a pesquisadora Julienne Stroeve, da University College London, “uma única temporada de recuperação não anula décadas de retração contínua observada nas calotas polares”.
Mesmo assim, o momento é considerado importante para a ciência, que agora busca entender com mais precisão os fatores que permitiram esse crescimento, e como eles podem se repetir — ou não — nos próximos anos.
O que o Brasil pode aprender com isso?
O Brasil também é impactado por mudanças na Antártida, especialmente na regulação de correntes marítimas e padrões de chuvas. Por isso, acompanhar a situação do gelo antártico é essencial para prever impactos regionais, inclusive em áreas como agricultura e recursos hídricos.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) reforça que a recuperação do gelo, ainda que parcial, precisa ser acompanhada com atenção. O país mantém presença científica na Antártida e pode ampliar sua atuação em projetos de cooperação climática nos próximos anos.
O gelo na Antártida volta a crescer e reacende o interesse da comunidade científica em entender os ciclos naturais e a influência do clima global. Embora ainda seja cedo para conclusões definitivas, o fenômeno reforça a importância da observação contínua do planeta e da adoção de políticas sustentáveis que considerem a complexidade das mudanças climáticas.