uitas mães de crianças atípicas têm deixado seus empregos para se dedicar integralmente aos filhos, que enfrentam desafios como o TDAH, o Transtorno do Espectro Autista e a deficiência intelectual. Sem apoio adequado dos sistemas de saúde, educação e assistência social, essas mulheres decidiram buscar novos caminhos. Em vez de apenas esperar por políticas públicas, elas estão transformando suas próprias vidas por meio da educação.
Falta de políticas públicas impulsiona ações de mães de crianças atípicas
A realidade de quem cuida de crianças com necessidades específicas é dura e solitária. Como lembra Rafaela França, mãe de três filhos com diagnósticos distintos, toda a família é impactada, mas, muitas vezes, essas mães enfrentam esse desafio sozinhas.
Domenique Menezes, por exemplo, precisou sair do emprego porque seu filho Enzo não conseguia permanecer na escola. A ausência de apoio estruturado, como terapeutas e mediadores escolares, torna inviável conciliar trabalho e cuidados. “Preferi me dedicar ao desenvolvimento do meu filho”, conta.
em políticas eficazes, essas mulheres criam suas próprias redes de acolhimento.
Redes solidárias nascem da luta por dignidade
Foi assim que surgiu o Núcleo de Estimulação Estrela de Maria, criado por Rafaela no Complexo do Alemão. O projeto já alcançou mais de 600 mães e crianças em 164 comunidades. Rafaela também voltou a estudar Direito para lutar por uma sociedade mais inclusiva.
Outra iniciativa importante é o grupo Acolher+, criado por Flaviane, mãe de Benício. O grupo orienta outras famílias a obter laudos médicos, documento essencial para garantir acesso a direitos e serviços.
Essas ações mostram que, mesmo diante de desafios estruturais, é possível construir redes fortes baseadas na empatia e no conhecimento.
Educação vira ferramenta de transformação
Com o objetivo de ampliar o acesso e a inclusão, diversas mães de crianças atípicas têm retomado os estudos. Talita Amaral escolheu a Pedagogia e Victoria Ferreira optou pelo curso de Letras, com foco em educação inclusiva.
O desejo delas vai além da sala de aula: querem construir um futuro melhor.
Com a chegada do Dia das Mães, o presente ideal dessas mulheres não está nas vitrines. “Meu sonho é ver meu filho falar”, diz Domenique.