A relação entre o vírus da zika e toxinas ambientais continua sendo alvo de estudos, mas avanços recentes sugerem novas possibilidades de aplicação da doença na medicina. Cientistas investigam como fatores ambientais potencializaram os danos cerebrais causados pelo vírus, enquanto outras pesquisas revelam seu potencial no combate ao câncer no cérebro.
O Impacto das Toxinas e Pesticidas na Zika
Durante a epidemia de zika, uma seca histórica assolava o Nordeste brasileiro. Na região do Agreste, onde os reservatórios de água são essenciais, pesquisadores identificaram uma toxina perigosa: a saxitoxina. Essa substância, que se torna mais potente em ambientes de água baixa, foi associada ao agravamento dos efeitos do vírus no cérebro de bebês cujas mães contraíram zika durante a gestação.
Pesquisas demonstraram que camundongos expostos à saxitoxina e ao vírus da zika desenvolveram danos cerebrais mais severos. Esse estudo abriu caminho para novas investigações sobre a interação entre fatores ambientais e o agravamento da doença.
No Centro-Oeste, outra suspeita surgiu. Estados como Mato Grosso e Goiás registraram altos índices de microcefalia associada à zika. Cientistas analisam o papel de pesticidas, especialmente o herbicida 2,4D, no aumento da gravidade dos casos. Essa conexão pode ajudar a entender melhor os riscos ambientais para gestantes expostas ao vírus.
A Zika Como Possível Tratamento Para o Câncer
Enquanto cientistas buscam entender os impactos negativos da zika, outro grupo de pesquisadores encontrou uma possível aplicação benéfica para o vírus. Estudos conduzidos pelo Centro do Genoma da USP indicam que ele pode destruir células tumorais no cérebro.
Em 2018, a revista “Cancer Research” publicou uma pesquisa revelando que a zika ataca células neuroprogenitoras, presentes em tumores cerebrais agressivos. Esses tumores, que possuem alta taxa de mortalidade, podem ser reduzidos pelo vírus, abrindo caminho para novos tratamentos.
Os testes também foram realizados em cães com tumores espontâneos semelhantes aos humanos. O resultado foi surpreendente: os tumores regrediram e os animais tiveram uma melhora significativa na qualidade de vida.
O Caso Nina: Um Novo Horizonte Para a Pesquisa
A cadela Nina, um dos casos mais emblemáticos do estudo, tinha um tumor agressivo e expectativa de vida de apenas duas semanas. Após receber o tratamento experimental com o vírus da zika, viveu mais nove meses com qualidade de vida, mostrando uma resposta positiva ao método.
A relação entre o vírus da zika e toxinas ambientais continua sendo alvo de estudos, mas avanços recentes sugerem novas possibilidades de aplicação da doença na medicina. Cientistas investigam como fatores ambientais potencializaram os danos cerebrais causados pelo vírus, enquanto outras pesquisas revelam seu potencial no combate ao câncer no cérebro.