A música pop reflete as mudanças culturais e tecnológicas da sociedade. Nos últimos anos, as batidas caóticas, os graves marcantes e a busca por sons mais altos têm transformado não só as paradas de sucesso, mas também nossas emoções e comportamentos. Entender esses fenômenos vai além da simples apreciação musical: trata-se de compreender como nossos cérebros reagem a estímulos sonoros intensos e repetitivos.
O impacto das batidas graves na música pop
As batidas graves, como o sub-bass, popularizado na última década, têm um efeito poderoso no corpo humano. Essas frequências baixíssimas, quase imperceptíveis aos ouvidos, geram vibrações físicas que podem provocar sensações de poder e energia. Não por acaso, faixas como “Hotline Bling” de Drake e “Lean On” de Major Lazer dominaram as paradas. Contudo, especialistas alertam que esses sons também podem induzir ansiedade, especialmente quando consumidos involuntariamente.
- Por que artistas pop vieram ao Brasil em 2024?
- “We are the world”: Conheça a história da noite que mudou o pop
- Madonna faz história no Rio e movimenta economia
- Pesquisas mostram 5 emoções humanas presentes em animais
- Filme com Wagner Moura fica em primeiro lugar nas bilheterias
De acordo com José Fornari, pesquisador da Unicamp, sons graves são frequentemente associados a contextos tensos, como trovões ou rugidos, ativando respostas cerebrais que refletem alerta e preocupação. É essa dualidade que torna o grave um elemento tão marcante, mas potencialmente estressante na música pop moderna.
A “guerra do volume” e suas consequências
Outro fator em destaque é a chamada “guerra do volume”. A indústria fonográfica, em busca de maximizar vendas, tem comprimido cada vez mais as faixas digitais para aumentar a percepção de intensidade sonora. Essa prática, embora eficaz para capturar a atenção em ambientes ruidosos, reduz a dinâmica da música, tornando-a mais cansativa ao longo do tempo.
Produtores como Mulú destacam que a saturação do som – uma técnica que amplifica o sinal digital – é cada vez mais comum no pop. Mas essa busca por volume pode prejudicar a experiência auditiva e contribuir para a sobrecarga sensorial.
É possível encontrar equilíbrio?
Apesar da tendência de sons intensos, há quem busque refúgio em músicas mais calmas. Segundo Julie Wein, neurocientista da música, o que realmente importa é ouvir aquilo que se gosta. A familiaridade e as memórias positivas associadas às canções são fatores determinantes para o efeito relaxante da música.