O Brasil alcançou dois anos sem novos casos autóctones de sarampo (com transmissão dentro do território nacional). Assim, avança para recuperar o certificado de eliminação da doença, perdido em 2019. Este período reflete o compromisso do país em controlar a doença, apesar dos desafios recentes.
Em 2016, a OMS concedeu ao Brasil o status de país livre de sarampo, graças a uma campanha eficaz de vacinação. Essa campanha resultou no último caso confirmado em 2015. Porém, nos anos seguintes, a cobertura vacinal ficou abaixo de 80%, permitindo a volta do vírus em 2018. Isso resultou em quase 10 mil infecções.
Crise de 2019 e perda da certificação
Os casos de sarampo no Brasil dispararam em 2019, com cerca de 21 mil registros. A persistência dos surtos e a circulação do vírus por mais de um ano causaram a perda da certificação. No entanto, a incidência começou a cair em 2020, beneficiada pelas medidas de isolamento da pandemia de Covid-19.
Desde 2022, não surgiram novos diagnósticos de transmissão local do sarampo, apenas casos importados. Portanto, o governo lançou o Plano de Ação para Interrupção do Sarampo, visando eliminar surtos em estados como Amapá, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa ação resultou em 74 semanas sem novos casos, mudando o status do Brasil para “país pendente de reverificação”.
Esforços para recertificação
Recentemente, a Opas visitou o Brasil para avaliar os progressos na erradicação do sarampo. Essa visita é essencial para o processo de recertificação. Entretanto, a cobertura vacinal ainda enfrenta desafios. Desde 2014, ela não atinge 90%, e no último ano, apenas 67,9% do público-alvo foi imunizado com as duas doses necessárias.
Eder Gatti, diretor do PNI, enfatizou a necessidade de atingir uma cobertura vacinal de no mínimo 95%. Assim, o Brasil pode proteger sua população contra casos importados e diminuir o risco de reintrodução do sarampo.
A vacina tríplice viral, gratuita na rede pública, protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Crianças recebem a vacina aos 12 e 15 meses. Adultos até 29 anos precisam de duas doses, com um mês de intervalo. Para aqueles entre 30 e 59 anos que nunca foram vacinados, recomenda-se uma dose única.