A Manioca, uma empresa no ramo de alimentos de origem amazônica, obteve um investimento da Ajinomoto, multinacional japonesa, marcando um novo capítulo em sua história. Este aporte financeiro destina-se a aumentar a presença de produtos amazônicos em mercados internacionais.
Joanna Martins, com formação em publicidade e administração, lançou a empresa em 2014, inspirada pelo legado culinário de sua família. O estabelecimento da família, o restaurante Lá em Casa, operou por quase cinco décadas em Belém e foi uma referência na cozinha local. Com o fechamento do restaurante, Joanna decidiu levar adiante a missão de promover os ingredientes regionais através de um negócio independente, focando inicialmente na venda de produtos como o Tucupi e farofas.
Paulo Reis, co-fundador da Manioca, uniu-se a Joanna após uma decisiva conversa telefônica em 2015. Paulo, formado em Direito, estava buscando um novo caminho profissional que valorizasse a cultura amazônica. “Falei: você lembra de mim? Eu estou saindo de um emprego, quero empreender com algo ligado à Amazônia”, conta ele sobre o início dessa parceria estratégica.
O objetivo inicial da Manioca era atender ao setor gastronômico profissional, mas logo a visão se expandiu para alcançar o consumidor final no varejo. Paulo explica: “A gente acredita que a comida aproxima e conecta as pessoas, é capaz de levar a cultura para outros lugares e fazer a cultura ser respeitada e valorizada”. Este pensamento guiou a entrada dos produtos da Manioca nos supermercados, começando com a rede Pão de Açúcar em 2017.
O recente investimento da Ajinomoto veio após dois anos de negociação e foi celebrado pela congruência de valores entre as duas empresas, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade e valorização dos recursos naturais da Amazônia. “A falta de conhecimento técnico básico é um problema gigante na Amazônia”, reconhece Paulo, ressaltando que a parceria também será uma oportunidade de aprendizado.
A trajetória da empresa é marcada por reconhecimentos e inovações, incluindo a finalização no Prêmio Nacional de Inovação de 2019 e a participação em programas de aceleração focados na sustentabilidade. Além disso, Paulo lidera a Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), reforçando o compromisso da Manioca com o desenvolvimento regional sustentável.
A pandemia representou um desafio para a Manioca, mas a empresa retomou o crescimento, registrando aumentos anuais no faturamento entre 25% e 40%. A meta para 2024 é dobrar o volume de vendas, com preparativos já em andamento para a COP30 em Belém, em 2025.
A inovação no portfólio da Manioca não se limita ao Tucupi, que já foi exportado para 12 países. A empresa também desenvolveu produtos como o Tucupi Preto e especiarias como nibs de cacau e cumaru. Atualmente, a empresa apoia a renda de 52 famílias de povos originários e comunidades tradicionais, ajudando na preservação de cerca de 700 hectares de floresta. “Essas famílias seguem fazendo aquilo que sempre fizeram e que gerou a floresta no entorno delas há gerações”, destaca Paulo sobre o impacto social e ambiental da Manioca na região.