Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizada na zona sul de Curitiba, uma inovação no campo da energia renovável ganha destaque. Pesquisadores do Grupo de Dispositivos Nanoestruturados (Dine) desenvolveram uma nova técnica para a produção de células solares orgânicas, capaz de aumentar em três vezes a eficiência na conversão da luz solar em energia elétrica, comparada a métodos anteriores. Esse avanço resultou na 100ª patente concedida à UFPR pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
A nova abordagem envolve a criação de um filme composto por quatro camadas, que são impressas em poucos minutos por uma impressora especializada. Este processo não apenas melhora a estabilidade e durabilidade do material, mas também representa um passo importante na superação de limitações anteriores relacionadas à durabilidade e eficiência das células solares orgânicas.
As células orgânicas, compostas principalmente de carbono e materiais plásticos flexíveis, são conhecidas por sua capacidade de serem aplicadas em diversas superfícies, incluindo janelas e objetos de uso pessoal, devido à sua leveza e adaptabilidade. Maiara de Jesus Bassi, doutora em física pela UFPR e membro do Dine, explica que essas células são particularmente benéficas para o meio ambiente, pois são mais simples de produzir e geram menos resíduos.
Além da sustentabilidade ambiental, o desenvolvimento dessas células solares orgânicas também apresenta vantagens econômicas. Comparativamente, o custo de produção é até 40% inferior ao dos módulos solares tradicionais, tornando a tecnologia mais acessível. Essa acessibilidade é evidenciada pelo uso crescente dessas células por empresas, como a PepsiCo Brasil, que incorporou painéis fotovoltaicos orgânicos em 366 de seus caminhões, visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a produtividade.
A produção dessas células solares orgânicas no Brasil está concentrada na Sunew, uma empresa sediada em Belo Horizonte, que se destaca como a principal produtora dessa tecnologia nas Américas. Anualmente, a Sunew produz cerca de 1 milhão de metros quadrados de placas orgânicas, atendendo demandas tanto nacionais quanto internacionais, com os Estados Unidos sendo um dos principais mercados.
A relevância da energia solar fotovoltaica no Brasil é inquestionável, representando 15% da matriz elétrica do país, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O avanço nas pesquisas e na implementação de células solares orgânicas acompanha uma tendência global de busca por fontes de energia menos poluentes, destacando-se como uma alternativa promissora frente a outros métodos de geração de energia, mais impactantes ambientalmente.
Este progresso na tecnologia fotovoltaica orgânica evidencia um movimento importante tanto para o setor energético quanto para a sustentabilidade ambiental, prometendo um futuro onde a energia limpa e renovável está mais acessível e é mais eficiente.