No mundo todo, nós produzimos mais de 10 milhões de toneladas de café todos os anos. Depois de aproveitar o café para nossas bebidas matinais, geralmente descartamos o que sobra sem pensar duas vezes. Mas e se disséssemos que essas sobras de café, que normalmente vão para o lixo, poderiam ter uma segunda vida útil, ajudando a proteger nosso meio ambiente? Um estudo recente realizado por cientistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e publicado no Journal of Chemical Technology and Biotechnology explora exatamente essa possibilidade, oferecendo insights valiosos sobre como podemos tornar nosso consumo de café mais sustentável, e aproveitá-lo na proteção das águas e das plantações.
Este estudo inovador descobriu que a borra de café, que muitos de nós jogamos fora, pode ser transformada em um poderoso material para filtrar e remover substâncias químicas perigosas da água. Os pesquisadores se concentraram em um herbicida chamado bentazona, comumente usado nas lavouras de arroz e milho, que pode ser prejudicial tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. Eles descobriram que, ao tratar a borra de café com cloreto de zinco, essa mistura poderia capturar e remover até 70% da bentazona da água.
O que torna essa descoberta particularmente empolgante é o potencial duplo benefício: não só estamos encontrando uma nova utilidade para um resíduo comum, como também estamos ajudando a proteger nossas fontes de água contra poluentes. Como os pesquisadores apontam, “A contaminação das águas subterrâneas e superficiais é um dos problemas ambientais mais prementes”. Essa pesquisa abre caminho para estratégias mais sustentáveis de manejo de resíduos, transformando o que antes era lixo em uma ferramenta valiosa para a conservação ambiental.
Além disso, o estudo aborda a sustentabilidade na produção de café. Com as mudanças climáticas ameaçando a produção de café, especialmente em países líderes como o Brasil, encontrar maneiras de tornar cada aspecto do ciclo de vida do café mais ecológico é mais importante do que nunca. A pesquisa aponta que entre 35% a 75% das terras de cultivo de café no Brasil podem se tornar inadequadas até o final do século devido ao aumento das temperaturas. Isso afeta a disponibilidade de café para os consumidores globais, além disso, destaca a necessidade urgente de práticas agrícolas e de consumo mais sustentáveis.