O estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o álcool mostrou que variações pequenas no preço das bebidas podem reduzir drasticamente danos à saúde no Brasil. Segundo análises reunidas por Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde, um aumento de R$ 1,00 no valor da lata de cerveja reduziria em 18% o consumo, enquanto medidas semelhantes aplicadas ao conjunto das bebidas provocariam queda de 20%. Esses resultados reforçam como políticas fiscais influenciam escolhas cotidianas e fortalecem o debate público.
Logo no início das discussões, os dados mostram impacto direto na preservação da vida. As estimativas indicam que mais de dez mil pessoas poderiam ser poupadas por ano, número equivalente a uma vida salva por hora. Conforme especialistas, essa redução beneficia hospitais, reduz violência e diminui acidentes evitáveis. Para a instituição, essas evidências confirmam que o tema exige atenção contínua das autoridades.
Fiocruz: prevenção começa com acesso controlado do álcool
A economia também integra o centro da análise, porque as mortes prematuras ligadas ao álcool geram perdas de produtividade acima de dois bilhões de reais por ano. Esse valor representa 58% do orçamento do Farmácia Popular em 2024, conforme comparações apresentadas. Como explicou Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies no Brasil, “a tributação adequada das bebidas alcoólicas é uma medida custo-efetiva recomendada pela OMS”. Assim, ele observa que políticas consistentes ajudam a corrigir distorções fiscais que hoje sobrecarregam a sociedade.
Esse tema ganha força entre adolescentes, já que pesquisas do Ministério da Saúde apontam que 60% dos meninos e 67% das meninas experimentaram álcool antes dos 17 anos. Nesse cenário, especialistas afirmam que políticas de preço podem proteger grupos vulneráveis. Para a Fiocruz , a prevenção começa quando o acesso é restringido e a experimentação precoce deixa de ser estimulada.
Proteção coletiva e bebida alcoólica
De acordo com a professora Zila Sanchez, chefe do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, “esse aumento de preço vai reduzir o dano que o álcool causa à sociedade”. Ela reforça que a política não pune o consumidor, mas preserva recursos públicos e reduz traumas evitáveis. Estimativas também apontam cem mil mortes associadas ao álcool em 2019, o que evidencia impacto nacional contínuo.
Reforma tributária e perspectivas
Com a reforma tributária em etapa decisiva, especialistas afirmam que existe possibilidade de alinhar saúde pública e política fiscal. Pedro de Paula destaca que impostos bem estruturados distribuem responsabilidades e preservam produtos essenciais. Esse cenário fortalece escolhas mais saudáveis e amplia o debate sobre bebidas alcoólicas.
Nesse contexto, medidas de preço ampliam proteção coletiva e reduzem custos sociais. Esses instrumentos já apresentam resultados documentados em outros países e ajudam a orientar decisões futuras. Assim, a discussão que a Fiocruz traz sobre o álcool mostra como políticas públicas podem transformar realidades e inspirar avanços sustentáveis.
