Nos últimos anos, a capital catarinense ganhou destaque nacional por investir em soluções ambientais que integram diferentes escalas de ação. A Prefeitura implementou o Programa Florianópolis Capital Lixo Zero, sancionou a Lei Municipal da Compostagem (10.501/2019) e aderiu ao LOW-M (Lowering Organic Waste Methane). Assim, a cidade construiu um modelo que conecta iniciativas domésticas, comunitárias e municipais, além de oferecer remuneração para projetos descentralizados. Dessa forma, a gestão pública conseguiu estruturar um sistema robusto, capaz de unir inovação, participação social e compromisso climático.
Resultados alcançados com a valorização dos resíduos orgânicos
Os avanços já aparecem nos números. Em 2024, o município encaminhou 12.311 toneladas de resíduos orgânicos compostáveis para reciclagem, quantidade equivalente a mais de mil caminhões cheios. No mesmo período, processou 23.552 toneladas de recicláveis secos e coletou 271.986 toneladas de resíduos sólidos urbanos. A gravimetria mostrou que 35% correspondem a orgânicos, 43% a recicláveis e 22% a rejeitos. Como consequência, o índice de valorização dos orgânicos chegou a 12,93%. Além disso, cerca de 30 toneladas por dia deixaram de ir para o aterro, o que reduziu emissões de metano e fortaleceu a contribuição climática da cidade.
O êxito de Florianópolis não se limita à infraestrutura. A população participa ativamente do processo graças a programas de compostagem doméstica e comunitária apoiados pela Prefeitura. Escolas, universidades e instituições públicas também atuam com projetos de compostagem educativa, ampliando a cultura ambiental. Paralelamente, a coleta seletiva porta a porta e os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) facilitam a adesão cotidiana dos moradores. Com isso, cresce a percepção de que a separação correta dos resíduos fortalece toda a cadeia de reciclagem, além de transformar a relação da sociedade com o meio ambiente.
Metas até 2030 e inspiração para outras cidades
O futuro do programa apresenta desafios e oportunidades. A meta definida é compostar 90% dos resíduos orgânicos coletados e reciclar 60% dos secos até 2030. Para alcançá-la, o município continuará expandindo estruturas de coleta e promovendo campanhas educativas. Ao mesmo tempo, a experiência local já inspira outras cidades brasileiras a estudar soluções semelhantes. Assim, a capital catarinense reforça o papel de laboratório vivo, mostrando que políticas públicas integradas podem gerar impactos sociais e ambientais de grande escala.
O percurso de Florianópolis ensina que a transformação ambiental acontece quando governo e sociedade atuam lado a lado. Cada tonelada desviada do aterro significa menos poluição, mais saúde pública e novas oportunidades de economia circular. Caso as metas de 2030 sejam atingidas, a cidade poderá tornar-se vitrine internacional de sustentabilidade urbana, provando que a compostagem em Florianópolis não é apenas um projeto, mas sim um caminho duradouro para um futuro mais limpo e consciente.