A doação de Bill Gates de US$ 912 milhões (cerca de R$ 4,8 bilhões) ao Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária traz alívio em um cenário de incerteza. O anúncio aconteceu em Nova York, durante o evento Goalkeepers 2025, e marcou também um apelo para que governos ampliem o apoio à saúde mundial. Dessa forma, o filantropo destacou que a continuidade do progresso depende de decisões políticas imediatas.
A contribuição, que repete o valor de 2022, mantém a Fundação Gates como principal doadora privada do Fundo Global. Desde 2002, os aportes já alcançam US$ 4,9 bilhões. Graças a esses recursos, programas de prevenção, diagnóstico e tratamento vêm sendo ampliados em diferentes regiões. Além disso, a nova rodada de financiamento deve reforçar campanhas que ainda enfrentam barreiras logísticas e sociais.
Avanços ameaçados e alerta dos especialistas
Entretanto, o Instituto para Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) alertou que houve uma queda de 21% no financiamento internacional em saúde entre 2024 e 2025. Esse recuo representa o menor nível em 15 anos. Como resultado, conquistas históricas podem ser revertidas, especialmente no combate à mortalidade infantil. Em áreas vulneráveis, como o norte da Nigéria, uma criança ainda possui até 15% de chance de morrer antes dos cinco anos, o que evidencia a urgência de novos aportes.
Chamado dos líderes e caminhos futuros da doação de Bill Gates
Durante o anúncio, Gates foi direto: “O mundo está em uma encruzilhada, e milhões de crianças podem morrer se o financiamento cair demais”. Por sua vez, Mark Suzman, CEO da fundação, reforçou que a filantropia não substitui o papel dos governos. Por isso, especialistas projetam que, se os compromissos públicos forem renovados, o Fundo Global terá condições de salvar até 23 milhões de vidas entre 2027 e 2029.
Além da doação de Bill Gates, a fundação apoia acordos para a produção de medicamentos genéricos, como o lenacapavir contra HIV. Com essa medida, tratamentos se tornam mais acessíveis, o que fortalece a rede de prevenção. Assim, a união entre ciência, filantropia e cooperação internacional reacende a esperança de erradicar doenças até 2030. Agora, o desafio é garantir que os governos transformem esse chamado em prioridade concreta.