O anúncio da construção de uma fábrica de biocarvão em Minas Gerais representa um passo importante para a agricultura sustentável no Brasil. A startup francesa NetZero investirá R$ 15 milhões em Campina Verde (MG), e a operação deve começar em fevereiro de 2026. A unidade terá capacidade para produzir 4 mil toneladas anuais de biocarvão, aproveitando resíduos da cana-de-açúcar, como palha e bagaço. Esses subprodutos muitas vezes não têm uso relevante e agora ganham valor na bioeconomia.
O que é e qual o impacto agrícola e ambiental do biocarvão
O biocarvão é produzido pelo processo de pirólise, em que resíduos vegetais são submetidos a altas temperaturas sem oxigênio. Dessa forma, o carbono permanece armazenado, o que evita emissões e contribui para a regeneração dos solos. Diferente de um fertilizante, o material atua como condicionador: aumenta a retenção de água, reduz a perda de nutrientes e estimula a microbiota do solo. Além disso, a parceria com a Brunozzi Agropecuária garante que a biomassa fornecida volte às próprias terras em forma de biocarvão em Minas Gerais, criando um ciclo sustentável.
No vídeo a seguir, a NetZero Brasil explica como o biochar pode transformar resíduos agrícolas, como o bagaço de cana, em uma solução sustentável para regenerar solos e capturar carbono de forma duradoura.
Caminhos para uma agricultura carbono negativo
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o biochar está entre as tecnologias mais promissoras de remoção de dióxido de carbono (CDR). Isso ocorre porque ele consegue manter o carbono no solo por longos períodos. No Brasil, estudos da Embrapa Solos e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) reforçam que, além do benefício climático, o biochar melhora a fertilidade e a capacidade de retenção de água. Assim, a fábrica de biocarvão em Minas Gerais pode posicionar a agricultura nacional em direção a práticas carbono negativo. Portanto, abre-se espaço para ganhos de produtividade, redução de emissões e novas oportunidades no mercado verde.