A descarbonização da Petrobras voltou ao centro do debate nacional após reportagem da Agência Brasil destacar dois estudos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do Observatório do Clima que apontam caminhos para a estatal reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis e assumir a liderança da transição energética no Brasil. O tema ganha relevância em um momento em que o petróleo superou a soja como principal produto de exportação do país em 2024, movimentando US$ 44,8 bilhões, mas também aumentando os riscos de dependência econômica.
“A Petrobras precisa internalizar a crise climática com muito mais vigor do que fez até agora”, afirma Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.
Caminhos para acelerar a descarbonização da Petrobras
Os especialistas sugerem congelar a expansão de novas fronteiras de exploração, como a Foz do Amazonas, priorizando a produção já em curso no pré-sal. Também recomendam ampliar investimentos em biocombustíveis de segunda geração, hidrogênio verde e combustíveis sustentáveis de aviação. O objetivo é reduzir a vulnerabilidade econômica do Brasil, hoje fortemente ligada ao petróleo, um recurso finito e sujeito a oscilações globais.
Segundo relatório da Petrobras, o plano de negócios 2025-2029 destina US$ 16,3 bilhões para baixo carbono, cerca de 15% do total de investimentos. Parte desse orçamento está voltada a energias renováveis (solar e eólica), biocombustíveis, hidrogênio e tecnologias de captura de carbono.
A descarbonização da Petrobras não é apenas uma promessa futura. Desde 2015, a estatal já reduziu 40% das emissões absolutas de CO₂ e 70% das emissões diretas de metano em suas operações. Além disso, estima-se que o plano de negócios 2025-2029 poderá gerar 315 mil empregos, reforçando o caráter social e econômico da transição energética.
Projetos como a integração da Refinaria Reduc ao complexo de Boaventura (RJ), com investimento de R$ 26 bilhões, também mostram como a companhia busca modernizar suas operações, aumentar a eficiência e reduzir a intensidade de carbono dos combustíveis produzidos. Saiba mais sobre a descarbonização da Petrobras no vídeo a seguir:
Esperança de futuro além do petróleo
Para especialistas como Carlos Eduardo Young, da UFRJ, o Brasil continuará precisando de petróleo por algum tempo, mas a expansão sem foco na diversificação pode gerar riscos de “ativos encalhados” nas próximas décadas. Nesse sentido, a Petrobras tem a chance de se tornar referência global em inovação climática, equilibrando segurança energética, geração de empregos e sustentabilidade.
Ao apostar em tecnologias limpas e ampliar sua atuação para além do petróleo, a estatal se posiciona não apenas como fornecedora de energia, mas como protagonista de uma transição justa e inclusiva para o país. A descarbonização da Petrobras pode, portanto, ser um motor de esperança — mostrando que é possível conciliar desenvolvimento econômico e compromisso ambiental.