A Caatinga no debate climático ganha protagonismo com a Caatinga Climate Week, de 2 a 4 de outubro, no agreste pernambucano. O evento é organizado pelo Centro Sabiá e pelo Instituto Socioambiental (ISA). O objetivo é mostrar ao mundo que o Semiárido não é apenas como território de escassez. Ele também é espaço fértil de inovação e resistência diante da crise climática.
Experiências que transformam o Semiárido
Durante três dias, lideranças indígenas, quilombolas, agricultores e cientistas vão percorrer mais de 400 km entre sete municípios. Eles visitarão iniciativas que já provaram eficácia, como as cisternas de placas para captar chuva e os sistemas agroflorestais. Haverá também destaque para o reúso de água cinza e para os bancos de sementes crioulas, que garantem autonomia alimentar.
Essas tecnologias sociais são simples, mas poderosas. Elas demonstram que comunidades podem conviver com a seca de forma digna. Além disso, mostram que soluções locais podem inspirar políticas globais.
O debate ultrapassa as técnicas agrícolas. Trata-se de colocar os povos da Caatinga no centro das decisões climáticas. Segundo Carlos Magno, coordenador do Centro Sabiá, o bioma deve ser considerado referência. Afinal, a região enfrenta há décadas os desafios que outros territórios do mundo começam a sentir.
Ele lembra que grandes empreendimentos de energia avançam sobre a Caatinga. Por isso, é essencial reconhecer as vozes locais e incluir suas necessidades na transição energética.
Caminhos para a COP30
Com a COP30 marcada para Belém, a Caatinga busca ampliar sua presença no debate climático. A Climate Week será espaço de trocas, unindo comunidades locais, cientistas e gestores públicos. Assim, experiências de convivência com o Semiárido podem ganhar escala global.
O fortalecimento da Caatinga no debate climático revela que o futuro pode acontecer a partir de saberes ancestrais e inovação social. As experiências de Pernambuco provam que enfrentar secas não significa viver na escassez. Pelo contrário, é possível reinventar formas de coexistir com a natureza.
Dessa forma, o Semiárido brasileiro se transforma em símbolo de esperança. Mais do que isso, torna-se farol de soluções para o planeta em tempos de crise climática.