No coração dos Andes, o Potato Park no Peru floresce como um território sagrado onde tradição, biodiversidade e futuro se entrelaçam. Ali, mais de 2.300 variedades de batatas nativas resistem ao tempo, graças ao cuidado de comunidades Quechua. Desde 2002, elas cultivam, protegem e compartilham um conhecimento ancestral que desafia o avanço da biopirataria e mostra, surpreendentemente, como a comida pode salvar o mundo.
Potato Park no Peru cultiva esperança com as próprias mãos
Em cerca de 12 mil hectares de montanhas, o Potato Park no Peru preserva quase metade das batatas conhecidas no planeta. Cada variedade tem uma história, um sabor e uma função medicinal. Por isso, agricultores Quechua tratam seus campos como bibliotecas vivas. Além disso, usam fertilizantes naturais e técnicas sustentáveis que respondem às mudanças do clima. Algumas lavouras ocupam altitudes maiores, onde a temperatura protege as sementes.
Eles não plantam só alimentos. Plantam memória, espiritualidade e autonomia. Afinal, o regime legal que rege o parque — Área Indígena de Patrimônio Biocultural — garante a soberania e os direitos coletivos sobre a terra e o saber.
Tradição que gera renda, ciência e proteção
O Potato Park no Peru também ensina como a cultura pode gerar renda de forma justa. Turistas do mundo todo visitam o parque, guiados por indígenas que compartilham histórias e pratos feitos com batatas coloridas. Além disso, as comunidades desenvolvem cosméticos naturais e fitoterápicos com plantas locais. Tudo isso sem abrir mão da biodiversidade.
O parque rejeita o patenteamento genético e reparte os ganhos entre os povos locais. Ademais, mantém parcerias com centros científicos como o International Potato Centre, que contribui com estudos e repatriação de sementes, sempre sob liderança comunitária.
Potato Park no Peru é farol de resistência para o planeta
Hoje, o Potato Park no Peru se tornou referência global em soberania alimentar, justiça climática e inovação socioambiental. Suas batatas não alimentam só estômagos, mas também ideias. Elas inspiram um futuro onde o respeito à terra e ao saber tradicional se tornam tecnologias poderosas.
Enquanto multinacionais buscam lucros com sementes patenteadas, o parque mostra que outro modelo é possível: um que cultiva diversidade, autonomia e vida em comum. No topo das montanhas, um povo resiste — e floresce.