A possível comunicação entre baleias e humanos ganhou destaque no meio científico após um estudo inédito revelar interações acústicas entre pesquisadores e uma baleia-jubarte. A pesquisa, conduzida pelo Instituto SETI e pela Universidade da Califórnia em Davis, observou comportamentos não convencionais da espécie — incluindo a produção de anéis de bolhas perfeitamente circulares, exclusivamente em contextos com presença humana.
Publicado em junho de 2024, o estudo sugere que essas manifestações não ocorrem espontaneamente em ambientes sem pessoas por perto, levantando a hipótese de que as baleias estariam tentando iniciar algum tipo de comunicação interespécies — algo inédito no campo da inteligência animal.
Comunicação entre baleias e humanos: além da biologia
Ao longo de 12 encontros monitorados, os pesquisadores registraram 39 anéis de bolhas, todos produzidos em resposta à aproximação de seres humanos. Nenhuma ocorrência semelhante foi documentada quando os animais estavam sozinhos. Isso reforça a ideia de que o comportamento não está associado a alimentação ou defesa, mas sim a um possível gesto intencional de contato.
As vocalizações das baleias-jubarte são reconhecidas por sua complexidade, contendo padrões linguísticos similares aos humanos, o que alimenta debates sobre linguagem dos cetáceos. Essas sequências sonoras, captadas por equipamentos de tecnologia acústica submarina, revelam um nível de sofisticação cognitiva que vai além do esperado para mamíferos marinhos.
IA e sinais acústicos: o caso da baleia Twain
Em um experimento pioneiro do projeto WhaleSETI, os cientistas utilizaram inteligência artificial em estudos marinhos para decodificar e reproduzir sons típicos da espécie. Durante a experiência, uma baleia apelidada de Twain respondeu com sinais acústicos por cerca de 20 minutos, estabelecendo um possível início de interação entre humanos e animais marinhos.
Esse avanço abre caminho para novas abordagens na interpretação de sons submarinos, inclusive no uso de algoritmos para captar sinais inteligentes no oceano. Para o SETI, o objetivo é que esses modelos também sirvam como base para detectar vida inteligente em ambientes não humanos, inclusive fora da Terra.
Comunicação entre baleias e humanos: implicações éticas e ambientais
A chamada teoria das baleias mensageiras propõe que esses cetáceos não são apenas observadores passivos, mas seres conscientes capazes de transmitir sinais intencionais. Ao reconhecer essa possibilidade, pesquisadores e ambientalistas levantam debates sobre ética, empatia e a necessidade de proteção legal internacional para animais com alta capacidade cognitiva.
Os estudos reforçam uma abordagem mais integrativa da vida no planeta, em que vida inteligente nos oceanos passa a ser considerada parte legítima do ecossistema comunicativo global. O respeito à inteligência não humana pode redefinir a relação entre ciência, conservação e tecnologia.
O que a comunicação entre baleias e humanos pode nos ensinar?
Embora ainda não haja uma tradução literal das vocalizações marinhas, os padrões identificados indicam respostas coordenadas e conscientes — algo que ultrapassa o comportamento reativo. As baleias não apenas ouvem: elas reagem, testam e talvez ensaiem formas de se conectar.
Decifrar a comunicação entre baleias e humanos pode ser um dos maiores marcos científicos do século. Um passo simbólico, mas profundo, rumo a um futuro onde a escuta não será apenas um gesto tecnológico — mas também de consciência planetária.
Para saber mais sobre o projeto WhaleSETI, acesse o site do Instituto SETI.