A recente descoberta de uma vasta rede de oásis da Idade do Bronze no deserto da Arábia desafia a crença de que a região foi habitada apenas por nômades. De fato, estudiosos revelaram que, há mais de 4.000 anos, já existiam assentamentos complexos com fortificações extensas, agricultura desenvolvida e uma sofisticada gestão da água.
O Oásis de Khaybar, em especial, se destaca como uma joia arqueológica. Com 14,5 quilômetros de muralhas originais, ele demonstra que civilizações da Idade do Bronze dominavam técnicas de irrigação, agricultura e arquitetura em larga escala. Atualmente, aproximadamente 5,9 km de suas fortificações permanecem preservadas, protegendo segredos milenares da humanidade.
Agricultura sustentável nos oásis da Idade do Bronze
Conforme os arqueólogos analisam os vestígios do Oásis de Khaybar, emerge uma narrativa fascinante de adaptação climática. Assim que a região deixou de ser um “deserto verde”, as comunidades locais desenvolveram sistemas agrícolas avançados. A presença de poços, canais de irrigação e aquíferos revela um domínio técnico notável sobre os recursos hídricos disponíveis.
Primordialmente, cultivavam-se cereais, oliveiras e figueiras, combinando práticas agrícolas intensivas e extensivas. Aliás, a pecuária de ovelhas e cabras sustentava a produção de alimentos e permitia o surgimento de atividades econômicas como a cerâmica e a metalurgia. Eventualmente, esses centros agrícolas se tornaram pontos de conexão para as futuras rotas de caravanas da Idade do Ferro.
Oásis da Idade do Bronze revelam arquitetura monumental
A fortificação de Khaybar inclui cerca de 180 baluartes, dos quais 74 ainda são visíveis, reforçando o caráter defensivo e simbólico da estrutura. Embora parte da muralha tenha desaparecido com o tempo, as ruínas restantes sugerem uma sociedade bem organizada, capaz de coordenar construções em grande escala.
Surpreendentemente, esse sistema defensivo também protegia contra ameaças ambientais como erosões e enchentes repentinas. Além disso, a arquitetura dos oásis da Idade do Bronze servia como marco de identidade coletiva, reforçando laços sociais e delimitando os territórios férteis entre as comunidades.
Legado arqueológico e preservação histórica
O achado arqueológico em Khaybar, realizado pelo CNRS em parceria com a Royal Commission for AlUla, representa um divisor de águas para o estudo da história da Península Arábica. Afinal, ele demonstra que, muito antes do islamismo ou do comércio de especiarias, povos sedentários já organizavam suas sociedades de forma estratégica, integrada à natureza e às mudanças climáticas.
Conforme destacado pela UNESCO e estudos publicados no PLOS Journals, esses oásis da Idade do Bronze oferecem uma nova perspectiva sobre o desenvolvimento humano, agricultura sustentável e arquitetura adaptada ao clima árido, enriquecendo o patrimônio cultural mundial.