Regeneração de membros pode se tornar realidade no futuro. Um novo estudo com axolotes revela como esses animais ativam células para reconstruir partes do corpo com precisão.
Regeneração de membros avança com descoberta sinalizadora
Pesquisadores identificaram um novo mecanismo envolvido na regeneração de membros, usando como modelo os axolotes — salamandras aquáticas conhecidas por sua capacidade de recuperar patas, caudas e até partes do coração. Segundo o estudo publicado na revista Nature Communications, o segredo está no ácido retinoico, uma molécula natural que age como um “sinalizador” para orientar as células feridas a se regenerarem corretamente.
A descoberta ajuda a responder uma pergunta antiga da biologia: como as células sabem exatamente qual parte do corpo devem reconstruir após uma lesão? A resposta, agora mais clara, está relacionada ao equilíbrio preciso dos níveis de ácido retinoico e à ação de enzimas que controlam esse processo.
Ácido retinoico ajuda a controlar o processo regenerativo
Para observar o papel do ácido retinoico, os cientistas modificaram geneticamente os axolotes para que brilhassem em verde nas áreas onde a substância atua. Com isso, foi possível mapear as regiões ativadas e entender por que não há regeneração de mebros, mesmo após amputações profundas.
O controle desse “superpoder” está na enzima CYP26B1, que degrada o excesso de ácido retinoico. Quando os cientistas bloquearam essa enzima, os axolotes voltaram a crescer exageradamente, como em experiências anteriores. Dessa forma, o equilíbrio da substância revelou-se fundamental para que a regeneração de membros seja precisa e limitada ao que foi perdido.
Regeneração de membros humanos pode ser possível no futuro
Embora em humanos não haja regeneração de membros, a pesquisa traz uma boa notícia: pode ser possível “reprogramar” nossas células para que voltem a escutar os mesmos sinais que orientam os axolotes. Quando feridas, as células dessas salamandras se desdiferenciam, ou seja, perdem sua função original e voltam a um estado embrionário, focado em reconstrução.
Já nas pessoas, as células seguem outro caminho: formam cicatrizes. Porém, ao entender o papel do ácido retinoico, cientistas acreditam que seja possível desenvolver terapias que façam nossas células voltarem a responder a esses sinais regenerativos, promovendo cura sem cicatrizes.
Estudo abre caminho para terapias genéticas inovadoras
A descoberta pode beneficiar não apenas a regeneração de membros, mas também o desenvolvimento de tratamentos com terapia genética. Tecnologias como o CRISPR, que já permite editar o DNA humano, podem ser usadas para ativar os genes corretos no momento ideal, sem precisar inserir material genético novo.
Além disso, cientistas como Catherine McCusker estudam como acelerar o processo de regeração de membros. Nos axolotes, uma mão pode se regenerar em dias. Em humanos, mesmo que possível, isso levaria muito mais tempo. Por isso, entender esses mecanismos agora é essencial para desenvolver soluções futuras — que, um dia, podem transformar a medicina regenerativa.