Músicas sobre o mar estão cada vez mais presentes nas obras de artistas contemporâneos e clássicos. De Djavan a Billie Eilish, passando por Luedji Luna e Jack Johnson, o oceano se transforma em metáfora para emoções, espiritualidade, ancestralidade e consciência ambiental.
Além disso, as músicas sobre o mar mar também aparece como forma de consolo diante de um mundo hiperconectado e acelerado. Não à toa, canções que fazem referência à água têm se multiplicado em diferentes gêneros, como MPB, pop, R&B e rap.
Dessa forma, o oceano se torna mais do que paisagem: vira símbolo de identidade, introspecção e liberdade criativa.
Entre o caos e o consolo: o mar como metáfora emocional
Em tempos marcados por crises políticas, colapsos climáticos e ansiedade digital, artistas têm encontrado no mar uma espécie de refúgio simbólico. A ciência também ajuda a explicar esse fenômeno. A oceanógrafa Catherine Schmitt, por exemplo, afirma que “observar o mar ativa receptores opiáceos no cérebro”, o que estimula a liberação de dopamina — neurotransmissor associado ao bem-estar.
Por isso, álbuns recentes trazem o oceano como protagonista emocional:
- Em S.O.S, SZA aparece sozinha à deriva, refletindo sobre amadurecimento e saúde mental;
- Billie Eilish explora a estética marinha em Hit Me Hard and Soft e em “Ocean Eyes”, seu primeiro sucesso;
- Jack Johnson conecta paisagem e ativismo ambiental em To The Sea, promovendo a conservação marinha em parceria com a Surfrider Foundation.
Enquanto isso, artistas brasileiros como Luedji Luna lançam obras como Um Mar Pra Cada Um, em que o oceano representa a profundidade do afeto e da ancestralidade. Em post nas redes, ela escreve: “Existe um mar invisível. Ele é vivo e dinâmico. Acontece o mesmo dentro da gente.”
Músicas sobre o mar também evocam fé, origem e conexão
Músicas sobre o mar também carregam elementos de espiritualidade e identidade. No Brasil, canções dedicadas a Iemanjá — orixá das águas salgadas — fazem parte do repertório popular desde a década de 1930.
Entre os clássicos estão:
- “Rainha do Mar” (1939) e “Dois de Fevereiro”, de Dorival Caymmi;
- “O Mar Serenou”, com Candeia;
- “Oceano”, de Djavan, que mistura misticismo e romance.
Além disso, artistas como Marina Lima associam o oceano à origem da vida. Para ela, o mar remete à placenta, simbolizando a sensação de pertencimento e retorno ao início de tudo.
Sons líquidos e imersivos reforçam a metáfora
Os elementos sonoros usados nas músicas sobre o mar também reforçam a sensação de fluidez. Reverberações, ecos, instrumentos de sopro e timbres suaves criam um ambiente de imersão sensorial. Em muitos casos, essas escolhas estão ligadas à ideia de flutuar, mergulhar ou emergir emocionalmente.
- Em Coisas Naturais, Marina Sena transforma a água em metáfora para o autoconhecimento;
- Em Swimming (2018), Mac Miller fala sobre depressão e busca por equilíbrio, usando a água como símbolo central.
Por isso, o mar se mantém como um dos elementos mais universais da arte. As músicas sobre o mar são capaz de representar desde a serenidade até o caos.
Músicas sobre o mar navegam entre dor, cura e beleza
No fim das contas, as músicas sobre o mar expressam o que muitas vezes não conseguimos dizer em palavras diretas: saudade, cansaço, renascimento, fé, dor e esperança. Seja na superfície ou nas profundezas, o oceano carrega significados plurais.
Enquanto a geração digital tenta se reconectar consigo mesma, as músicas sobre o mar são como espelho emocional. Uma maré que embala sentimentos e nos lembra que, apesar das ondas, seguimos tentando flutuar.