A robótica na medicina vem revolucionando a forma como profissionais da saúde realizam procedimentos cirúrgicos, diagnósticos e reabilitações. Embora esteja presente desde os anos 1980, a tecnologia ganhou espaço significativo nas últimas décadas, consolidando-se como aliada da segurança, precisão e eficiência no cuidado com o paciente.
Atualmente, a robótica na medicina é empregada em diferentes áreas e promete ampliar o acesso à saúde em regiões remotas por meio de cirurgias à distância e uso integrado de inteligência artificial.
Robótica na medicina já atua em várias especialidades
Segundo o ortopedista Marcos Cortelazo, da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte:
“A robótica na medicina é utilizada em cirurgias gerais, ginecológicas, urológicas, gastrointestinais, ortopédicas e neurológicas. Em todos esses casos, os braços robóticos operam como extensão dos movimentos do médico, que os comanda com alta precisão”, disse o especialista.
Além disso, os comandos podem ser realizados por meio de joysticks, monitores de alta definição ou óculos 3D. Fora do centro cirúrgico, a tecnologia é usada na produção de próteses, reabilitação física e desenvolvimento de equipamentos médicos.
No diagnóstico, embora os robôs não atuem diretamente, a inteligência artificial auxilia na análise de exames e na detecção precoce de doenças, o que representa um avanço importante.
Robótica transforma cirurgias e leva saúde a mais pessoas
Uma das principais vantagens da robótica na medicina está na precisão. Os braços mecânicos realizam movimentos com exatidão submilimétrica, minimizando riscos e protegendo estruturas delicadas. Segundo Cortelazo, isso permite alcançar áreas onde as mãos humanas não chegam, reduzindo complicações e acelerando a recuperação do paciente.
Além disso, como os movimentos robóticos não sofrem interferência de tremores naturais do corpo, os procedimentos tendem a ser mais estáveis. Para os pacientes, isso significa menos cortes, menos dor, menor risco de infecção e alta hospitalar em menos tempo.
Robótica e inteligência artificial são tecnologias complementares
É comum confundir os conceitos, mas robótica e inteligência artificial não são a mesma coisa. Conforme explica Cortelazo, a robótica na medicina atua como ferramenta física, enquanto a IA processa dados, identifica padrões e auxilia em decisões clínicas.
O cirurgião Sergio Arap, do Hospital Sírio-Libanês, destaca que a IA já está presente em monitores cardíacos e desfibriladores, que reconhecem arritmias e orientam intervenções. Ou seja, essas tecnologias caminham juntas para tornar a medicina mais precisa e acessível.
Cirurgia feita só por robôs ainda não é realidade
Apesar dos avanços, os especialistas descartam a possibilidade de cirurgias realizadas exclusivamente por robôs. Segundo Cortelazo, a presença do médico é indispensável para comandar o equipamento, tomar decisões e responder a imprevistos durante os procedimentos.
Arap complementa dizendo que, assim como na aviação, a responsabilidade continua sendo do profissional humano. O robô é um instrumento de apoio, não um substituto.
Cirurgias à distância ampliam acesso à saúde
Um dos maiores potenciais da robótica na medicina é permitir cirurgias à distância. Em locais sem especialistas, essa tecnologia pode ser decisiva. Um exemplo recente ocorreu em 2024, quando o médico chinês Zhang Xu operou, desde Pequim, um paciente em Roma. A cirurgia robótica rompeu fronteiras geográficas com sucesso.
Obstáculos da robótica na medicina no Brasil
Apesar dos benefícios, a robótica na medicina ainda enfrenta desafios no Brasil. O alto custo dos equipamentos é o principal entrave. Um robô cirúrgico pode custar até US$ 3,2 milhões, fora os materiais por cirurgia, que variam de R$ 9 mil a R$ 13 mil.
Além disso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não exige que planos de saúde cubram esses procedimentos, o que gera barreiras de acesso. Segundo Arap, os pacientes muitas vezes precisam arcar com os custos.
Por fim, há o desafio social. O uso do robô em procedimentos simples, como retirada de vesícula, pode não ser justificável. Dessa forma, o ideal é reservar a tecnologia para casos em que os benefícios sejam comprovados, otimizando recursos públicos e privados.