Os cães de suporte emocional estão ganhando destaque como aliados na saúde mental de muitas pessoas. Embora o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tenha decidido que esses animais não têm os mesmos direitos dos cães-guia para viajar na cabine de aviões, eles continuam sendo fundamentais no cuidado emocional de quem enfrenta transtornos como ansiedade, depressão e pânico.
De acordo com a psicóloga Letícia Oliveira, esses cães oferecem apoio constante e ajudam na autorregulação emocional. “O vínculo com o animal permite que o paciente se sinta mais seguro e consiga lidar melhor com suas emoções”, explica.
Além disso, a indicação de um cão de suporte emocional geralmente ocorre quando tratamentos como terapia ou medicamentos não surtem o efeito desejado.
Por que os cães de suporte emocional funcionam
Em primeiro lugar, é importante entender como a presença do animal influencia o bem-estar. Segundo o psicólogo e neurocientista Julio Peres, a interação com o cão estimula a produção de ocitocina — o chamado “hormônio do amor” — e reduz o cortisol, ligado ao estresse. Com isso, há melhora no humor e alívio de sintomas depressivos.
Além disso, o simples ato de cuidar de um animal já pode trazer benefícios. Isso porque, ao assumir essa responsabilidade, o paciente passa a se concentrar em algo positivo, o que ajuda a tirar o foco da ansiedade. O sentimento de pertencimento também é fortalecido nesse processo.
O uso terapêutico requer acompanhamento contínuo
Apesar dos efeitos positivos, o uso dos cães de suporte emocional deve ser feito com orientação profissional. A psicóloga Alessandra Demite, da Universidade São Judas, destaca a importância de um acompanhamento próximo. “O ideal é fazer sessões semanais ou quinzenais para avaliar o impacto do cão no quadro emocional do paciente”, afirma.
Durante o acompanhamento, os especialistas observam mudanças como redução da ansiedade, maior engajamento social e aumento da autoconfiança. Ainda assim, é essencial lembrar que nem todos os pacientes reagem da mesma forma. Alguns podem se sentir sobrecarregados com os cuidados diários, o que reforça a necessidade de um bom vínculo com o animal e de suporte psicológico adequado.
Por fim, Alessandra ressalta que o envolvimento da família é igualmente importante. O apoio familiar garante que o cão seja compreendido como parte do processo terapêutico, e não apenas um companheiro.
Cães de suporte emocional podem ser um recurso valioso quando usados com responsabilidade e orientação. Se você convive com sintomas persistentes e deseja buscar novas formas de cuidado, vale conversar com um profissional da saúde mental sobre essa possibilidade. Afinal, o caminho para o equilíbrio pode estar também no afeto de um amigo de quatro patas.