O pratinho cearense é muito mais do que uma refeição prática: ele representa uma forte expressão cultural do Ceará. Presente nas festas juninas e no dia a dia, essa comida tradicional é vendida em barracas, praças e feiras por todo o estado. Por ser acessível, versátil e saboroso, o pratinho conquistou espaço nas ruas e no coração dos cearenses.
Segundo o professor e consultor de gastronomia Roberio Marques, o sucesso do pratinho tem raízes sociais. Ele explica que a refeição surgiu da necessidade de oferecer algo mais prático e barato. Com o tempo, o pratinho cearense ganhou novas formas e ingredientes, tornando-se uma mistura de culturas. Por isso, é comum encontrar versões com baião de dois, vatapá de frango, carne de sol e até variações com influências de outros estados, como Maranhão e Bahia.
Do São João ao dia a dia: a força do pratinho cearense
Além de ser destaque no São João, o pratinho cearense se popularizou como uma refeição cotidiana. De acordo com Roberio, o prato é adaptável: pode ser simples ou sofisticado, dependendo dos ingredientes e da ocasião. Por exemplo, há quem venda versões caseiras na esquina e, ao mesmo tempo, quem aposte em pratinhos gourmets com apresentação elaborada. Essa variedade contribui para que o prato atravesse todas as classes sociais.
Além disso, durante a pandemia, o pratinho também demonstrou sua resiliência. Jefferson Araújo e Eva Rodrigues, do “Eva Comidas Típicas”, adaptaram suas vendas para o delivery. Eles começaram nas festas juninas, mas, como os clientes continuaram pedindo, expandiram para o ano todo. Isso mostra como o pratinho cearense mantém sua relevância mesmo em contextos adversos.
Comida de rua que alimenta lares e memórias afetivas
Outro exemplo é Fabiany Oliveira, do “Pratinhos da Faby”. Ela trabalha há mais de dez anos com esse prato típico e sustenta sua família com as vendas. Para Faby, a praticidade é o grande atrativo. Segundo ela, quem chega cansado do trabalho encontra no pratinho uma solução rápida, completa e saborosa. Com a pandemia, ela apostou nas redes sociais e no delivery, o que aumentou suas vendas.
Além de alimento, o pratinho desperta lembranças. A jornalista Vivianne Rodrigues, que mora em São Paulo, sente falta da comida e do que ela representa. “É amor em forma de comida”, afirma. Para ela, o pratinho cearense vai muito além do sabor. Ele envolve a figura da vendedora, o tempero caseiro, o preço justo e a ocupação dos espaços públicos. Por isso, Vivianne acredita que o pratinho deveria ser considerado um patrimônio cultural.
Pratinho cearense: tradição viva que resiste e se reinventa
Em resumo, o pratinho cearense é muito mais que um prato. É um símbolo de resistência, afeto e identidade. Ele reúne sabores típicos, tradição comunitária e adaptação constante, seja nas festas, nas ruas ou nas redes sociais. A cada bandeja vendida, ele reforça o vínculo entre comida, memória e pertencimento. E você, também sente saudade de um pratinho cearense bem servido?