A cartilha sobre autolesão entre jovens é resultado de uma pesquisa sensível que buscou compreender como adolescentes lidam com a dor emocional. Criada a partir do olhar de nove meninas de 12 a 17 anos, a publicação traz fotografias produzidas por elas mesmas, como formas alternativas de enfrentar o sofrimento sem recorrer à autolesão. O material já foi distribuído em escolas e serviços de saúde e apresentado em congresso internacional, ganhando destaque por seu potencial educativo e terapêutico.
A cartilha surgiu após dois estudos conduzidos por Luiza Cesar Riani Costa, com orientação da professora Diene Monique Carlos, atualmente na USP de Ribeirão Preto. A pesquisa teve apoio da Fapesp e partiu de uma pergunta simples, mas profunda: “O que alivia a sua dor?”. Por meio de imagens, as adolescentes compartilharam formas criativas de autocuidado, como contato com a natureza, convivência com animais, prática de esportes e expressão artística.
Autolesão entre adolescentes é um alerta silencioso
O tema da cartilha sobre autolesão entre jovens vem chamando atenção de pesquisadores e profissionais de saúde, especialmente após a pandemia. No Brasil, os casos aumentaram 21% entre 2011 e 2022. Estima-se que 14% dos adolescentes já tenham se autolesionado ao menos uma vez, geralmente em resposta a angústias como depressão, ansiedade ou traumas.
A adolescência é uma fase marcada por transformações intensas. Muitos jovens enfrentam sentimentos de solidão e sofrimento psíquico. A autolesão, nesse contexto, aparece não como busca por atenção, mas como uma tentativa de lidar com dores difíceis de nomear.
A pesquisa de Costa, iniciada em 2018 na UFSCar, foi pioneira ao dar voz a esses jovens. Desde então, os estudos evoluíram e mostraram que, quando os adolescentes encontram espaço para se expressar, conseguem construir caminhos mais saudáveis para enfrentar a dor.
Uma publicação feita por adolescentes para adolescentes
A cartilha foi desenvolvida com base na metodologia Photovoice, que permite tratar temas delicados por meio da fotografia. As participantes captaram mais de 50 imagens com suas respostas à pergunta proposta. As fotos revelaram padrões: cenas na natureza, momentos com animais de estimação, artes, culinária, espiritualidade e vínculos afetivos.
Apesar da abordagem individual, as respostas traziam elementos comuns. Isso reforçou o potencial do material em alcançar outros adolescentes que passam por situações semelhantes. A ideia de transformar as imagens e depoimentos em uma cartilha partiu das próprias jovens.
“O mais bonito foi ver que não estavam apenas buscando estratégias. Elas mostraram o que realmente as sustentava”, destacou a orientadora Diene Carlos. A cartilha não apenas apresenta soluções práticas, mas também promove empatia, acolhimento e reflexão entre pares.
Cartilha sobre autolesão entre jovens está disponível gratuitamente
A cartilha sobre autolesão entre jovens foi publicada em português e inglês, tornando-se acessível a um público mais amplo. Com linguagem simples e conteúdo visual, ela pode ser usada por profissionais da saúde, da educação e por familiares que buscam entender e apoiar adolescentes em sofrimento.
A iniciativa mostra que é possível criar ferramentas acessíveis, com a participação direta dos jovens, para lidar com um tema tão complexo. Ao mostrar novas formas de lidar com a dor, a cartilha se torna um instrumento valioso de prevenção e cuidado.
Você conhece alguém que pode se beneficiar desse material? Acesse a publicação e compartilhe esse conteúdo com quem precisa de apoio.