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Vestibular da FGV usa viral do TikTok e gera debate

Vestibular da FGV inclui questão sobre viral do TikTok e levanta críticas sobre relevância de referências digitais em provas.
Pessoa usando celular em ambiente externo iluminado.

Uma questão do vestibular da Fundação Getúlio Vargas (FGV) deste ano trouxe um debate sobre a relevância do uso de referências populares nas provas. Aplicado em 14 de novembro para candidatos aos cursos de administração, direito, economia e relações internacionais, o exame exigiu que os participantes estivessem atentos a um conteúdo viral no TikTok e no Instagram.

A pergunta citava uma norte-americana que viralizou ao comentar seu amor pelo clássico brasileiro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Embora o nome da escritora Courtney Henning Novak não fosse mencionado, o contexto sugeria a influência do vídeo em redes sociais.

Para acertar, os candidatos tinham duas alternativas: estar “cronicamente online”, acompanhando a repercussão do vídeo, ou saber o ano de publicação do livro, lançado em 1881.

Críticas à abordagem da prova

Nas redes sociais, a questão levantou críticas por exigir que os estudantes estivessem atualizados com fenômenos da internet. “É preciso ser cronicamente online para fazer a prova da FGV”, comentou uma candidata no X (antigo Twitter). Outro estudante afirmou: “Zoado cobrar datas.”

Questão do vestibular da FGV explora fenômeno viral do TikTok — Imagem: Reprodução

Especialistas também avaliaram o impacto dessa abordagem. Maurício Soares, professor de Literatura, afirmou que a questão não testava conhecimentos literários profundos, mas o nível de conexão com eventos culturais. “Dentro de atualidades, ela cabe. Como literatura, não. Ela sequer exige que o aluno saiba quem é Machado de Assis.”

André Barbosa, docente do Colégio Oficina do Estudante, destacou que o viral ultrapassou as redes sociais, sendo discutido em grandes portais de notícias. Ele acredita que a questão exige do candidato atenção a tópicos comentados na mídia, mas ressalta que isso pode ser injusto com quem se desconecta para focar nos estudos.

Referências literárias e conhecimentos prévios

Para estudantes que não acompanharam o viral, a resposta dependia de conhecimento sobre a cronologia literária. Entre as opções dadas — Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Machado de Assis, Euclides da Cunha e Graciliano Ramos —, apenas Machado e Euclides poderiam ter publicado em 1881.

No entanto, saber que Euclides da Cunha tinha apenas 15 anos à época exigia uma memória detalhada, o que torna a questão complexa.

Reflexões sobre o vestibular da FGV

A polêmica reacendeu debates sobre o papel das provas de vestibular em avaliar conhecimentos relevantes. Para muitos, a inclusão de um fenômeno viral pode ser uma maneira de tornar a prova mais atual e conectada com o mundo real.

Entretanto, críticos defendem que essas questões podem desestimular alunos dedicados, que priorizam o estudo tradicional e evitam redes sociais.

A Fundação Getúlio Vargas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas o debate levanta questões importantes sobre os critérios utilizados para avaliar o preparo dos candidatos para o ensino superior.

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