O Ministério da Saúde anunciou que, a partir desta segunda-feira (4), o esquema vacinal contra a poliomielite passará por uma mudança. O Ministério da Saúde substituirá as doses de reforço da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecidas como “gotinhas”, pela vacina injetável inativada da poliomielite (VIP). A decisão segue uma tendência global, visando maior segurança e eficácia na imunização.
Novo esquema vacinal para crianças
O novo esquema vacinal será exclusivo com a vacina injetável, protegendo as crianças de possíveis riscos associados à vacina oral. Agora, crianças menores de cinco anos receberão três doses da vacina injetável da poliomielite (VIP) aos 2, 4 e 6 meses, seguidas de um reforço aos 15 meses. Essa mudança representa um avanço nas estratégias de prevenção, garantindo que o Brasil continue sem casos de poliomielite há 34 anos.
Anteriormente, o esquema incluía as três doses da VIP e dois reforços com a vacina oral (VOPb), sendo um aos 15 meses e outro aos 4 anos. A substituição da VOPb pela VIP visa eliminar o risco, embora raro, de reativação do vírus vacinal, que poderia causar paralisia em não vacinados.
- Sarampo controlado: Brasil está perto de reconquista histórica
- Rybelsus reduz riscos cardiovasculares em estudo com 9.650 pacientes
- Vacina para câncer de próstata é aprovada pela FDA para testes
- OMS dá passo importante para criação da primeira vacina contra Mpox
- IA descobre a origem de 160 mil novos vírus RNA
Entenda a mudança
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explicou que a vacina oral desempenhou um papel crucial no passado. Quando milhares de crianças recebiam a vacina em gotinhas, elas excretavam o vírus atenuado nas fezes, que se espalhava na comunidade e imunizava indiretamente os não vacinados. No entanto, essa estratégia já não faz sentido atualmente, visto que o vírus selvagem da poliomielite se limita ao Afeganistão e ao Paquistão.
O risco de mutação do vírus vacinal é uma das razões para essa transição. “Hoje, há mais casos de paralisia causados pelo vírus vacinal do que pelo vírus selvagem, que já foi praticamente eliminado do planeta”, ressalta Kfouri.
A importância da vacinação
Apesar das mudanças, Kfouri reforça que o esquema vacinal da poliomielite continua seguro e essencial. “A vacina está no calendário de imunizações, e a paralisia só ocorre em quem não foi vacinado”, afirma. O Brasil mantém seu histórico de sucesso, com 47 anos de uso da vacina nas estratégias de imunização desde 1977.