A Biozer, uma empresa farmacêutica com sede em Manaus, no Amazonas, anunciou o desenvolvimento de um gel cicatrizante à base de gengibre-amargo. Este produto é destinado ao tratamento de feridas causadas pela diabetes, condição que pode levar à amputação de membros se não tratada adequadamente.
A inovação vem da exploração das propriedades do gengibre-amargo, uma planta nativa da Amazônia, cujos benefícios são conhecidos há gerações pelos povos indígenas e que vem sendo estudada pelo Dr. Carlos Cleomir Pinheiro, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa). O Dr. Pinheiro, que também é pai do diretor-executivo da Biozer, Daniel Pinheiro, tem dedicado mais de três décadas ao estudo dessa planta.
Os resultados dos primeiros ensaios clínicos foram promissores, demonstrando uma eficácia de 95% na cicatrização de feridas. Agora, a Biozer prepara-se para avançar para a realização de um ensaio clínico multicentro com a participação de 100 pacientes em Manaus. Este estudo é o passo final antes da solicitação de validação do produto junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), uma iniciativa da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), apoia o desenvolvimento deste gel. O PPBio financiou a pesquisa com R$ 4,2 milhões e há expectativas de mais investimentos para a criação de subprodutos derivados do gengibre-amargo.
Além de seu impacto médico, o projeto da Biozer também visa a sustentabilidade econômica e ambiental. A empresa está trabalhando na validação do cultivo do gengibre-amargo em sistemas agroflorestais, permitindo que pequenos produtores locais cultivem a planta juntamente com outras culturas. Este modelo de cultivo ajuda a preservar a biodiversidade e a sustentabilidade da floresta.
Compromisso com a comunidade e o meio ambiente
Em uma declaração recente, Daniel Pinheiro enfatizou o compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável da região. “Como parte da comunidade amazônica, é nossa responsabilidade desenvolver tratamentos que não apenas ajudem as pessoas, mas também promovam a economia local e protejam nosso ambiente natural,” afirmou.
Em outras palavras, este avanço representa uma junção entre a medicina tradicional e a moderna pesquisa científica, mostrando o potencial dos recursos naturais da Amazônia no tratamento de doenças crônicas e severas como as feridas de diabetes. A expectativa é que este gel cicatrizante de gengibre-amargo se torne uma alternativa viável e eficaz no tratamento dessas condições, beneficiando não apenas os pacientes mas também a economia e o meio ambiente da região.