A Universidade de São Paulo (USP) inaugurou a primeira instalação dedicada à criação de suínos para transplantes de órgãos de suínos em humanos, conhecidos como xenotransplantes. Este desenvolvimento promissor tem potencial para transformar a medicina regenerativa e reduzir as longas filas de espera por transplantes no Brasil.
Avanço científico na USP
Localizada no campus da Cidade Universitária, a nova estrutura é essencial para o avanço do projeto Xeno BR, uma iniciativa pioneira na América Latina que foca na produção de órgãos geneticamente modificados para serem compatíveis com humanos. Este projeto é uma resposta inovadora ao desafio contínuo de escassez de órgãos disponíveis para transplante.
Tecnologia de ponta em genética
Com o suporte de parceiros como a Fapesp e o MCTI, além da colaboração de empresas do setor produtivo, o projeto Xeno BR já produziu embriões geneticamente modificados que poderão ser implantados em suínos específicos, criados em um ambiente estéril. “Já conseguimos criar embriões nos quais os principais genes responsáveis pela rejeição aguda foram silenciados e, agora, o próximo passo é implantá-los nas fêmeas de suínos que serão criados em ambiente absolutamente estéril, que é o objetivo dessa pig facility“, explica Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP
Impacto futuro dos xenotransplantes
A abertura desta pig facility representa um grande passo para o uso prático dos xenotransplantes, com o potencial de salvar milhares de vidas. O processo não apenas ajuda a mitigar a crise de órgãos disponíveis mas também abre novas frentes na pesquisa médica, possibilitando tratamentos mais eficazes e acessíveis.
Desafios e perspectivas
Apesar do potencial revolucionário, o caminho para a implementação rotineira de xenotransplantes é complexo, envolvendo rigorosos processos regulatórios e considerações éticas.
“Nos Estados Unidos, de um lado, há empresas multinacionais que produzem suínos geneticamente modificados para que os órgãos possam ser transplantados em humanos e, de outro lado, independentemente, há equipes com muita experiência em alotransplantes que realizam o ato cirúrgico do xenotransplante. No Brasil, entretanto, não existem empresas com aquele objetivo e, dessa forma, equipes que desejam realizar o xenotransplante, como a nossa, devem tanto desenvolver os suínos geneticamente modificados, quanto realizar o ato cirúrgico do xenotransplante clínico”, afirmou o Professor Emérito da Faculdade de Medicina (FM) e coordenador do projeto, Silvano Raia.