Uma equipe internacional de pesquisadores, composta por especialistas da Austrália, Espanha, Dinamarca e Finlândia, divulgou recentemente uma descoberta que reforça a eficácia dos exercícios na prevenção e tratamento da depressão. Em uma análise abrangente de 218 estudos envolvendo 14.170 participantes, os pesquisadores identificaram que atividades como caminhada, corrida, ioga, treinamento de força e dança se destacam como poderosas armas contra essa doença debilitante.
“Os exercícios físicos não apenas desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde física, mas também têm um impacto importante na saúde mental, especialmente no caso da depressão”, afirma o psiquiatra Ricardo Feldman, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
A pesquisa mostrou que atividades físicas intensas liberam neurotransmissores, como endorfina e dopamina, que promovem o bem-estar, controlam o humor e combatem a ansiedade. Além disso, essas práticas têm efeitos anti-inflamatórios e estimulam processos neurobiológicos que incluem a produção de novos neurônios e a redução do estresse oxidativo.
“A quantidade ideal de exercício para combater a depressão é uma média de 150 minutos de atividade física moderada por semana, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde”, destaca Andrea Camaz Deslandes, coordenadora do Laboratório de Neurociência do Exercício da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No entanto, ela ressalta que mesmo quantidades menores de exercício podem trazer benefícios na redução dos sintomas depressivos.
Para escolher a modalidade de exercício mais adequada, é essencial considerar os interesses pessoais e o prazer proporcionado pela atividade, o que aumenta a motivação e a aderência ao treino, especialmente para pessoas com depressão. “É importante lembrar que a evolução acontece gradualmente, e o apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde é fundamental nesse processo”, acrescenta Ricardo Feldman.
Além dos benefícios físicos, os exercícios também oferecem vantagens psicossociais, como aumento da autoestima, percepção de competência e produção de vínculos sociais, que são essenciais para o bem-estar emocional.
Os resultados deste estudo reforçam a importância dos exercícios físicos como uma ferramenta valiosa na luta contra a depressão, oferecendo uma abordagem complementar ou alternativa aos tratamentos tradicionais, como medicamentos e psicoterapia.