A descoberta de um legado oculto do Morumbi surpreendeu pesquisadores e reacendeu o interesse pela história pré-colonial de São Paulo. Novas escavações no sítio arqueológico da zona sul paulistana revelaram provas da existência de uma indústria da pedra lascada datada entre 3,8 mil e 820 anos, trazendo à luz aspectos até então desconhecidos sobre os antigos habitantes da região.
Uma descoberta histórica
“Desde a década de 60 já se conhece a existência desse sítio, mas os trabalhos anteriores consideravam que, como o terreno já tinha sido muito modificado, não teria como datar, obter uma idade de ocupação, porque eles considerava que tudo ali já estava fora do lugar. Para nossa felicidade conseguimos pegar uma área inédita e obter dados inéditos. Esse foi o último trabalho porque esse sítio foi esgotado, não existe mais”, disse a pós-doutoranda na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP) e coordenadora de campo, Letícia Cristina Corrêa.
Os primeiros passos da descoberta
As primeiras pistas sobre o sítio arqueológico vieram à tona durante os loteamentos na década de 60. Um engenheiro reconheceu o potencial arqueológico do local e, desde então, diversas iniciativas buscaram preservar e estudar essas evidências. Nas décadas seguintes, esforços contínuos de pesquisa revelaram mais sobre a complexidade cultural e a sofisticação das técnicas utilizadas pelos povos antigos, desafiando as percepções anteriores sobre a pré-história paulistana.
A ciência revela seus segredos
A técnica de escavação adotada pelos pesquisadores permitiu não apenas a coleta de artefatos intactos mas também proporcionou uma compreensão mais aprofundada do estilo de vida dos grupos que habitaram a região. A análise desses materiais apontou para uma sociedade com práticas avançadas de manuseio e produção de ferramentas, além de indicar padrões de mobilidade e adaptação ao meio ambiente.
O legado dos caçadores-coletores e ceramistas
O intervalo temporal identificado de 3 mil anos sugere a presença de grupos caçadores-coletores inicialmente, seguidos por possíveis grupos ceramistas. Essa transição reflete mudanças no modo de vida, desde a mobilidade em busca de recursos até a adoção de práticas agrícolas. A hipótese de que o local serviu como fonte de matéria-prima para ambos os grupos é reforçada pela qualidade e quantidade dos artefatos encontrados.
Preservando o passado, iluminando o futuro
As descobertas no Morumbi não apenas enriquecem o acervo cultural de São Paulo mas também ressaltam a importância de preservar sítios arqueológicos como testemunhos vivos da história humana. Elas nos convidam a refletir sobre as conexões entre passado, presente e futuro, reforçando o valor inestimável do patrimônio histórico na construção da identidade cultural da região e na compreensão da jornada humana como um todo.