No Balneário Estreito, Florianópolis, um novo marco para a literatura afro-brasileira e antirracista surge com a inauguração da Biblioteca João Ferreira de Souza. Localizada no Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA), a biblioteca apresenta um extenso acervo de mais de mil obras de autores negros. Dentre os escritores destacados estão Conceição Evaristo, Abdias Nascimento, Milton Santos e Djamila Ribeiro, refletindo a diversidade e a riqueza da produção literária negra.
O projeto, uma colaboração entre o CCEA e o Ministério Público do Trabalho (MPT), contou com um investimento aproximado de R$ 140 mil. Esse valor foi destinado para a aquisição das obras e para a reforma de um espaço de 80 metros quadrados que agora abriga a biblioteca. Priscila Cristina Freitas, membro da diretoria do CCEA, compartilha que a escolha do acervo e o nome da biblioteca foram influenciados pela comunidade jovem atendida pela instituição, principalmente composta por indivíduos negros de baixa renda.
A biblioteca homenageia João Ferreira de Souza, também conhecido como ‘Seu’ Teco, um dos fundadores do CCEA, que dedicou sua vida ao combate à violência e ao incentivo à educação na comunidade Monte Serrat. A escolha do nome foi uma decisão dos jovens, reconhecendo a importância de ‘Seu’ Teco para a comunidade.
Além de promover o acesso à literatura afro-brasileira, a biblioteca tem como objetivo ampliar os horizontes dos jovens assistidos pelo CCEA. Priscila ressalta a importância de mostrar que é possível alcançar os sonhos e que há exemplos de autores negros de sucesso próximos a eles. Ela destaca também que o acervo ajuda a preencher uma lacuna nas bibliotecas públicas de Florianópolis, onde frequentemente a população negra é retratada de maneira negativa.
Com os empréstimos já disponíveis, o CCEA planeja utilizar a biblioteca para a realização de eventos culturais, como lançamentos de livros, grupos de leitura e apresentações. Essas ações visam enriquecer o cenário cultural local, além de fortalecer a autoestima e o empoderamento da comunidade negra através da literatura. Informações sobre como acessar o acervo podem ser obtidas diretamente com o centro cultural.