Categoria Sustentabilidade

Algas marinhas podem ser novas aliadas contra crise climática

Pesquisas recentes apontam para o potencial das algas marinhas em enfrentar desafios ambientais e climáticos.

As algas marinhas ganharam atenção como importantes aliadas no combate a diversos desafios ambientais. Tradicionalmente conhecidas na culinária asiática, essas espécies agora são vistas como recursos valiosos na mitigação da crise climática, na redução da escassez de alimentos e na substituição de matérias-primas poluentes.

Estudos revelam que as algas selvagens capturam aproximadamente 173 milhões de toneladas de CO2 anualmente, um número próximo ao potencial de descarbonização do Brasil, estimado em 200 milhões de toneladas de CO2. Leticia Carvalho, da ONU, ressalta a importância de expandir de forma sustentável o cultivo de algas, devido ao seu papel crucial em ecossistemas marinhos e costeiros e na oferta de soluções baseadas na natureza.

Algas marinhas

Fazenda de microalgas, no deserto do Saara, cultivadas em tanques através de água bombeada do mar (Foto: Divulgação/Brilliant Planet).

Empresas de diversos cantos do mundo, especialmente dos Estados Unidos e da Europa, estão investindo em aquacultura de algas para comercializar créditos de carbono. Um exemplo inovador vem do economista Adam Taylor, que fundou a Brilliant Planet no deserto do Saara, utilizando microalgas para capturar carbono eficientemente.

O mercado global de algas, dominado pela Ásia, é projetado para crescer rapidamente, alcançando um valor de US$ 11,8 bilhões até 2030. Christopher Ian Brett, especialista em agronegócio, aponta para o amplo potencial das algas em substituir combustíveis fósseis e fornecer serviços ecossistêmicos valiosos.

“Produtos feitos de algas marinhas cultivadas podem substituir combustíveis fósseis em setores como plásticos e tecidos e servir de insumo para fertilizantes de solo. Além disso, as algas fornecem serviços ecossistêmicos, como captura de carbono, e podem gerar benefícios socioeconômicos para as comunidades costeiras”, afirmou Christopher ao Um Só Planeta.

Além disso, a inclusão de algas na dieta de bovinos tem se mostrado eficaz na redução de metano, um poderoso gás de efeito estufa. Empresas como a australiana Rumin8 estão desenvolvendo suplementos alimentares baseados em algas que prometem cortar até 95% das emissões de metano do gado.

As algas também estão sendo exploradas como uma alternativa sustentável à carne e ao plástico. Por exemplo, a startup israelense Brevel está desenvolvendo um pó de microalgas para a indústria alimentícia, e a britânica Notpla produz embalagens biodegradáveis à base de algas.

No Brasil, a Embrapa Agroenergia tem parcerias para desenvolver bioinsumos com extratos de microalgas locais. A Algama Fazenda Marinha, em Florianópolis, exemplifica o interesse nacional na produção de algas, focando tanto em biofertilizantes quanto em produtos para consumo humano.

Especialistas, contudo, alertam para os cuidados necessários na expansão do cultivo de algas, enfatizando a importância de manter um equilíbrio com os ecossistemas marinhos. Leticia Carvalho defende a formação de uma força-tarefa para estudar os impactos de uma expansão global nessa área, visando um crescimento sustentável.

As algas representam uma fonte promissora de inovação ambiental, oferecendo soluções sustentáveis para os desafios atuais. Com investimentos e pesquisas contínuos, seu papel na mitigação dos impactos climáticos e na promoção de práticas sustentáveis está cada vez mais em evidência.

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