O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses ganhou novos olhares desde que foi reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, em 2024. Segundo reportagem da British Broadcasting Corporation (BBC), caminhar por suas dunas não é apenas turismo, mas uma forma direta de entender um território moldado por vento, chuva e vida humana. Entre lagoas temporárias e areia clara, visitantes descobrem um lugar que se reinventa a cada estação.
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o cenário que muda a cada passo
Ao contrário da imagem de um deserto imóvel, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses vive em transformação constante. Ventos costeiros empurram a areia para o interior, formando dunas de até 30 metros em uma área de 1.500 km². Entre janeiro e junho, as chuvas preenchem depressões naturais, criando lagoas de água doce que definem a paisagem e atraem viajantes do mundo inteiro. Ainda assim, cada trilha é provisória, já que o vento apaga marcas em poucas horas.
Essa característica faz da caminhada a experiência mais completa. Sem motores ou atalhos, o visitante percebe detalhes como a textura da areia, o silêncio e os sinais deixados por animais do cerrado costeiro.
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o saber de quem vive na areia
Dentro do parque vivem mais de mil famílias, distribuídas em comunidades como Mucambo e Baixa Grande. Elas são parte ativa da experiência. Guias locais conduzem travessias usando memória espacial, posição do sol e leitura da paisagem.
“Posso fechar os olhos e lembrar de cada duna. É assim que encontramos o caminho, até à noite”, relata Carlos Otávio Rêgo, guia local conhecido como Tav.
Esses moradores oferecem pouso simples e alimentação, conectando tradição e geração de renda por meio do ecoturismo.
Horizontes positivos
Com mais de 580 mil visitantes em 2024, a gestão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses passou a criar novos pontos de registro e rotas para distribuir melhor os fluxos. A diretora do parque, Cristiane Figueiredo, destaca que caminhar permite observar o ambiente com atenção e respeito. Assim, o futuro do parque se desenha passo a passo, equilibrando visitação, cultura local e proteção de uma paisagem que nunca é a mesma.
