Desde os primeiros dias de vida, Gabriela Pasqual enfrentou uma jornada desafiadora. Diagnosticada ainda no útero com uma doença renal rara, ela precisou de diálise desde os dois meses de idade. Aos cinco anos, passou pelo primeiro transplante duplo infantil do Brasil, uma cirurgia que uniu ciência e coragem em doses iguais. Segundo o portal Terra, o procedimento marcou um avanço histórico na medicina pediátrica nacional e reacendeu o debate sobre a importância da doação de órgãos.
O desafio médico por trás do transplante duplo infantil
Durante a gestação, os exames revelaram que Gabriela sofria de doença renal policística autossômica recessiva, condição que compromete rins e fígado. Assim que nasceu, ela iniciou sessões de diálise, conectada a máquinas por horas seguidas. Ainda muito pequena, enfrentava uma rotina difícil, porém sustentada por esperança. Em 2020, recebeu um transplante de rim, mas, com o tempo, uma infecção por adenovírus durante a pandemia comprometeu o órgão e afetou o fígado. Diante desse quadro, os médicos decidiram pela realização de um transplante duplo infantil, algo jamais tentado em criança no país.
Graças à cooperação entre equipes de nefrologia e hepatologia, o procedimento foi planejado com cuidado extremo. Cada detalhe contava, pois o sucesso representaria não apenas a recuperação de Gabriela, mas também uma conquista para toda a medicina infantil brasileira.
A longa espera e o sucesso do transplante duplo infantil
Enquanto aguardava por um doador, a família viveu momentos de angústia. Foram 17 ofertas de órgãos recusadas por falta de compatibilidade, até que surgiu uma doação perfeita. A cirurgia, realizada em São Paulo, durou muitas horas e exigiu precisão milimétrica. Em um momento crítico, houve rejeição imediata do rim, mas a resposta rápida da equipe médica reverteu o quadro e garantiu o sucesso do transplante.
Desse modo, Gabriela sobreviveu e se tornou símbolo de superação e solidariedade. De acordo com a fonte primária, cerca de 46% das famílias ainda se recusam a autorizar a doação de órgãos no Brasil, conforme dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Sua história, portanto, reforça o quanto uma decisão solidária pode transformar não apenas uma vida, mas também todo um paradigma médico.
O renascimento de uma infância
Hoje, aos sete anos, Gabriela mora em Foz do Iguaçu (Paraná), frequenta a escola e pratica natação. Cada brincadeira, cada mergulho e cada risada representam conquistas diárias após o transplante duplo infantil. Para sua família, o que antes era medo, agora é gratidão.
Sua trajetória comprova que fé e ciência não são opostas, mas complementares. A história de Gabriela inspira outras famílias que aguardam por um transplante e mostra que, com dedicação médica e empatia humana, o impossível pode se tornar realidade.
Luz para o futuro
Casos como o de Gabriela demonstram o avanço contínuo da medicina pediátrica e o impacto das políticas públicas de saúde no Brasil. À medida que cresce a conscientização sobre doação de órgãos e se ampliam os investimentos em tecnologia hospitalar, o país se aproxima de novos marcos, como o transplante duplo infantil. O futuro da medicina brasileira, portanto, nasce da união entre conhecimento e compaixão.