Categoria Saúde

Cientista da UnB transforma dor pessoal em tecnologia de cicatrização que pode evitar amputações

A professora Suélia Rodrigues, da Universidade de Brasília, desenvolveu uma tecnologia de cicatrização que une luz LED e látex natural para tratar feridas complexas. Inspirada pela história do pai, sua pesquisa se tornou uma inovação com potencial de reduzir amputações e ampliar o acesso à saúde pelo SUS.

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A dor de ver o pai lutar contra feridas que não cicatrizavam fez nascer uma solução que hoje inspira médicos e pesquisadores. A professora Suélia Rodrigues, da Universidade de Brasília (UnB), criou o “Rapha”, uma tecnologia de cicatrização que une empatia e ciência. O dispositivo combina luzes LED e curativos de látex natural para estimular a regeneração celular. Assim, o tratamento reduz o tempo de cura e oferece uma nova chance a pacientes com o chamado “pé diabético”, condição que frequentemente leva à amputação.

Luz e natureza em uma tecnologia de cicatrização brasileira

Desenvolvido ao longo de quase vinte anos no Grupo de Engenharia Biomédica da UnB, o Rapha é uma tecnologia de cicatrização baseada na fototerapia — o uso terapêutico da luz para regenerar tecidos. O nome vem do arcanjo Rafael, associado à cura. Diferente de métodos caros e importados, o dispositivo utiliza componentes eletrônicos e bioativos nacionais, incluindo látex de seringueira cultivado por produtores locais. Por isso, ele alia ciência, sustentabilidade e inclusão econômica, sem depender de materiais estrangeiros.

Tecnologia de cicatrização com impacto social e acessível

A inovação recebeu o selo de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A equipe liderada por Suélia conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e de parlamentares que financiaram a pesquisa. Além disso, o projeto busca incluir a tecnologia de cicatrização no Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo que pacientes em todo o país tenham acesso ao tratamento.

Uma história em que a dor virou ciência e esperança

Enquanto muitos se afastam da dor, Suélia decidiu transformá-la em motivação. Ela lembra que, ao ver o pai sofrer, percebeu o poder da ciência como ferramenta de cuidado. “Quis unir conhecimento e empatia para aliviar o sofrimento de outras pessoas”, contou em entrevista. Essa visão humanizada inspira jovens pesquisadores da UnB e mostra que a tecnologia de cicatrização pode nascer da compaixão tanto quanto do laboratório.

Caminho para o futuro da cura brasileira

Os testes clínicos já indicam resultados promissores, e a aprovação regulatória pode colocar o Brasil entre os países com soluções médicas de ponta. Quando for incorporado ao SUS, o Rapha poderá reduzir o número de amputações e transformar a realidade de quem convive com feridas crônicas. Além disso, a tecnologia de cicatrização fortalece a bioindústria nacional ao valorizar insumos brasileiros, ampliando empregos e inovação local.

Um futuro iluminado pela ciência brasileira

Mais do que uma invenção, o Rapha representa uma nova forma de fazer ciência: humana, sustentável e acessível. Essa tecnologia de cicatrização mostra que o conhecimento pode nascer do amor e florescer em forma de cura. Cada feixe de luz emitido pelo dispositivo é um lembrete de que a ciência também pode ser um gesto de cuidado.