Categoria Saúde

Remédio popular: por que tantos brasileiros tomam losartana?

Losartana domina o tratamento da pressão alta e revela desafios na prevenção, segundo especialistas. Entenda como o remédio age e por que o país depende tanto dele.

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A losartana consolidou seu espaço ao se tornar o genérico mais comprado do país, ganhando relevância em um cenário onde três em cada dez brasileiros convivem com hipertensão. Como a diretriz de 2025 ampliou o grupo de risco ao classificar 12×8 como pré-hipertensão, o país passou a conviver com um número ainda maior de pessoas em alerta. Essa mudança, segundo o cirurgião Ricardo Katayose, revela falhas na prevenção.

A jornada do tratamento inicia no sistema renina–angiotensina–aldosterona, eixo que regula pressão e volume de líquidos. Contudo, na hipertensão, esse circuito permanece hiperativado. “É como se tampasse a caixa de correio para que o carteiro não conseguisse entregar a carta”, afirma Katayose, ao explicar como o remédio bloqueia o receptor AT1. Esse bloqueio impede a contração dos vasos, reduzindo a pressão ao longo do tempo.

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Como a losartana se destaca no tratamento

Ainda que seja a mais conhecida, a droga não trabalha sozinha. O cardiologista Márcio Sousa explica que existem três frentes principais: diuréticos, bloqueadores de canais de cálcio e bloqueadores do eixo hormonal. Esse conjunto oferece caminhos distintos, e cada paciente responde de forma única. Segundo ele, “o que precisamos é reduzir a pressão”, antes de ajustar combinações conforme idade e perfil clínico.

Além disso, a ampliação do uso da losartana está ligada ao acesso facilitado. A fórmula é nacional, barata e gratuita no SUS, o que favorece adesão contínua. Esse cenário fortalece o controle diário, embora também abra espaço para uso sem avaliação médica, prática que preocupa especialistas.

Adesão, segurança e riscos ignorados

Apesar do histórico seguro, o remédio exige acompanhamento. Episódios antigos, como os recalls de 2018, reforçam a importância da fiscalização. Após revisão industrial, análises do INCQS identificaram zero contaminação em 2025. Contudo, Katayose alerta para outro risco: “O problema não é a losartana, é confiar apenas nela”. Assim, a ausência de diagnóstico adequado pode mascarar distúrbios como apneia e estresse crônico, que seguem atuando de forma silenciosa.

Horizontes do controle da pressão arterial

Esse caminho envolve constância. Manter vínculos saudáveis por décadas é o maior desafio. Os ajustes mais eficazes combinam redução do sal, atividade física, sono equilibrado, controle do peso e acompanhamento regular. A losartana segue como ferramenta valiosa, porém especialistas destacam que o controle verdadeiro nasce de escolhas diárias que sustentam a saúde cardiovascular. No futuro, essa visão integrada tende a moldar uma cultura de prevenção mais ampla no país.