Um estudo do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) aponta que proibição de ultraprocessados nas escolas reduziria em 13% a obesidade entre jovens de 10 a 19 anos. O levantamento divulgado na quarta-feira (26/11) também aponta queda expressiva no consumo de bebidas adoçadas e melhora na qualidade das escolhas diárias. Ao mesmo tempo, a análise amplia a discussão sobre ambientes alimentares mais saudáveis em instituições públicas e privadas.
Com base na POF 2017–2018, a pesquisa estima queda de 25% no consumo de bebidas açucaradas e redução de 8% na ingestão de ultraprocessados. Em contrapartida, cresce até 8% a procura por água, frutas e sucos naturais, o que demonstra caminhos mais equilibrados para crianças e adolescentes. Além disso, a simulação calcula que a mudança reduziria 20 kcal diárias e 6 g de açúcares livres sem afetar vitaminas e minerais essenciais.
Estudo do Idec sobre Ultraprocessados nas escolas e os efeitos analisados
Estados como Ceará, Niterói, Rio de Janeiro, Maranhão e Rio Grande do Sul já avançam na limitação de produtos altamente industrializados nas escolas. Segundo Eduardo Nilson, coordenador da pesquisa na Fiocruz e na USP, “a obesidade exige estratégias simultâneas, e uma regulação nacional seria um passo importante”. Essa perspectiva se soma ao decreto federal 11.821/2023, que orienta estados e municípios a restringirem a oferta desses alimentos em instituições de ensino.
A especialista do Idec, Ana Maria Maya, reforça essa visão ao afirmar que “o consumo de ultraprocessados está ligado ao surgimento precoce de doenças crônicas e a restrição no ambiente escolar incentiva hábitos saudáveis por toda a vida”. Em paralelo, educadores e famílias discutem como a escola pode influenciar escolhas mais conscientes no cotidiano dos estudantes.
Alimentação escolar saudável no horizonte
As evidências levantadas mostram que o ambiente escolar pode servir como terreno fértil para escolhas nutritivas, já que muitos estudantes realizam diversas refeições ao longo do dia no próprio colégio, sendo assim, uma alternativa para a redução dos ultraprocessados. Conforme destacam os pesquisadores, quando opções naturais ganham espaço e itens industrializados perdem protagonismo, os jovens passam a criar preferências mais equilibradas nas escolas. Além disso, experiências municipais e estaduais revelam que regras claras transformam rotinas alimentares de forma gradual e positiva.
As discussões no Congresso também avançam com propostas que podem padronizar práticas em todo o país. O PL 4501/2020, por exemplo, estabelece diretrizes para cantinas e veta bebidas adoçadas e produtos altamente industrializados. Caso seja aprovado, tende a alinhar medidas regionais e fortalecer ações que já demonstram benefícios. Esse horizonte reforça a importância da avaliação do Idec sobre ultraprocessados nas escolas ao inspirar políticas que ampliam o acesso a refeições mais naturais e fortalecem a relação entre alimentação, saúde e bem-estar ao longo da vida.
