A higiene do sono voltou ao centro do debate científico depois que um estudo global, publicado no dia 7/12 na revista Communications Medicine, investigou como dormir bem altera o dia seguinte. A análise reuniu mais de 28 milhões de dias de dados de saúde, acompanhando 70 mil pessoas em 244 regiões ao longo de três anos e meio. O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, que buscaram entender como padrões de descanso interferem na energia e na disposição.
O trabalho ganhou destaque porque respondeu a uma pergunta prática: o que traz mais resultado — dormir melhor ou encaixar exercícios extras? Segundo os autores, a relação pende de forma clara para o descanso noturno. Para grande parte dos participantes, noites bem dormidas antecederam dias mais ativos, enquanto treinos adicionais não melhoraram a qualidade do sono.
Como a higiene do sono influencia o corpo e a energia
Os pesquisadores observaram que a qualidade do descanso — medida por fatores como despertares, eficiência do sono e rapidez para adormecer — teve efeito direto na disposição. Indivíduos que dormiram entre seis e sete horas registraram as maiores contagens de passos no dia seguinte. Além disso, quem dormiu com eficiência de 94% deu, em média, 282 passos a mais do que participantes que permaneceram longos períodos na cama sem consolidar o sono.
Esses achados reforçam orientações amplamente difundidas por profissionais da área.
Josh Fitton, autor principal do estudo, explicou: “Ter uma boa noite de sono, especialmente sono de alta qualidade, prepara você para um dia mais ativo. Pessoas que dormiram bem tenderam a se manter mais engajadas durante o dia, mas fazer passos extras não melhorou realmente o sono daquela noite.”
Recomendações que fortalecem a higiene do sono
O estudo também acendeu um alerta sobre o desafio populacional. Apenas 12,9% dos participantes conseguem atender às recomendações de descanso e atividade física ao mesmo tempo.
Para o Professor Danny Eckert, diretor do Adelaide Institute for Sleep Health, mudanças simples podem alterar esse cenário. “Priorizar o sono pode ser a maneira mais eficaz de aumentar sua energia, motivação e capacidade de movimento. Reduzir telas à noite, manter horários regulares e criar um ambiente tranquilo fazem grande diferença”, afirmou.
Essas práticas dialogam diretamente com os indicadores analisados. Diminuir o tempo para adormecer e elevar a eficiência do sono — efeitos comuns de uma rotina sólida de cuidados noturnos — estão entre os fatores que mais impulsionam a disposição diária.
Caminho de bem-estar sustentável
A pesquisa ainda sugere que fortalecer a higiene do sono pode beneficiar públicos que enfrentam insônia crônica, desafio identificado em 17% dos participantes. Ao estabilizar horários, criar um ambiente escuro e evitar estímulos próximos da hora de dormir, muitos indivíduos conseguem recuperar ritmo biológico e encontrar energia para atividades do dia, mesmo em agendas apertadas.
A crescente atenção à higiene do sono abre espaço para políticas públicas, programas de saúde e novas estratégias de educação em bem–estar. O estudo fortalece a ideia de que descanso não é luxo, mas ferramenta acessível de saúde preventiva. Com os avanços em monitoramento e ciência do sono, cresce a expectativa de que esse cuidado se torne hábito essencial, capaz ampliar a vitalidade.
