Após o forte impacto causado pela Covid-19, o planeta começa a respirar aliviado: a expectativa de vida global voltou aos níveis registrados antes da pandemia. A conclusão vem de um amplo levantamento conduzido pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), que analisou dados de 204 países e territórios entre 1990 e 2023. A notícia reacende a confiança na capacidade humana de se reerguer e de aprimorar a saúde coletiva, mesmo após uma crise mundial sem precedentes.
O que mostra a recuperação da expectativa de vida global
Segundo o estudo, a média mundial da expectativa de vida subiu para cerca de 73,8 anos em 2023, marcando o retorno aos níveis observados em 2019. Em 2021, essa média havia caído para aproximadamente 71,7 anos. Além disso, a Covid-19, que figurou entre as principais causas de morte em 2020, caiu para a 20ª posição em 2023. Esses avanços refletem o impacto positivo das campanhas de vacinação, do acesso ampliado a tratamentos e da mobilização global em torno da prevenção. Assim, o mundo mostra que o conhecimento científico e a cooperação internacional são capazes de reverter até mesmo cenários de profunda perda.
Desafios persistentes mesmo com a expectativa de vida global em alta
Embora os números sejam animadores, as diferenças regionais continuam marcantes. Em países de alta renda, a expectativa de vida supera 80 anos, enquanto em regiões da África subsaariana ela permanece próxima de 62 anos. Além disso, doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardíacos, AVC e diabetes, já respondem por cerca de dois terços das mortes no planeta. Outra tendência que preocupa é o aumento das mortes entre adolescentes e jovens adultos, em especial por causas evitáveis como suicídios, uso de drogas e acidentes. A expectativa de vida global recupera-se, mas as desigualdades e novos fatores de risco exigem atenção imediata.
Por que o avanço da expectativa de vida global importa e para onde olhar
A elevação da expectativa de vida global representa uma conquista histórica: vivemos mais tempo e com mais possibilidades de planejar o futuro. No entanto, isso também impõe a necessidade de ampliar políticas voltadas à prevenção, à saúde mental e à qualidade de vida na velhice.
De acordo com Christopher Murray, diretor do IHME, o rápido envelhecimento populacional e o surgimento de novos riscos inauguram uma era de desafios inéditos para a saúde mundial. Essa transição requer inovação, colaboração e visão de longo prazo para garantir que o aumento dos anos de vida venha acompanhado de bem-estar.
Caminho adiante
A volta da expectativa de vida global aos níveis pré-pandemia mostra que a humanidade é capaz de transformar adversidades em aprendizado. No entanto, manter essa conquista exigirá investimento contínuo em ciência, prevenção e equidade. Se as próximas décadas forem guiadas por essa visão, o mundo poderá celebrar não apenas mais anos de vida, mas também uma vida melhor, mais saudável e mais justa para todos.