A epigenética da memória ganhou destaque após o estudo de Coda et al. (2025), apresentado pelo médico e pesquisador Pedro Andrade. Os cientistas modificaram, de maneira precisa, a expressão de uma lembrança em ratos. O experimento reforça que recordar envolve também estados regulatórios da cromatina e não apenas conexões sinápticas.
Os pesquisadores usaram ferramentas que funcionam como lanternas e pincéis celulares. O engram tagging iluminou os neurônios que carregavam a lembrança estudada. Em seguida, a edição epigenética baseada em CRISPR abriu ou fechou regiões específicas da cromatina. Assim, a epigenética da memória ajustou a expressão daquele aprendizado e mostrou que lembranças possuem estrutura mais dinâmica do que se imaginava.
Epigenética da memória e o ajuste reversível das lembranças
Quando os autores fecharam a cromatina de uma região ligada ao aprendizado, o comportamento aprendido deixou de aparecer. Logo depois, eles abriram essa mesma região e a lembrança retornou com mais clareza. Esse efeito reforça que a epigenética da memória atua como um controle sensível, capaz de iluminar ou silenciar caminhos internos do cérebro.
O estudo trouxe outra surpresa: até lembranças antigas responderam à intervenção. Esse resultado sugere que recordações se comportam como tecidos vivos e ganham novos significados conforme o cérebro reorganiza seus estados epigenéticos.
Possibilidades futuras da epigenética da memória
Embora a pesquisa tenha ocorrido apenas em ratos, ela amplia debates sobre terapias que atuem de forma dirigida sobre lembranças dolorosas. Os autores destacam que a epigenética da memória pode inspirar abordagens futuras para traumas, transtornos ligados a experiências marcantes e desafios do envelhecimento cognitivo.
Caminhos para uma nova interpretação das lembranças
Essa linha de pesquisa apresenta uma variação promissora da epigenética da memória, sugerindo que estados epigenéticos podem suavizar como o cérebro acessa o passado. Mesmo distante da clínica, o avanço traz esperança ao mostrar que a dor pode se transformar em aprendizado e cuidado.
