Categoria Saúde

Como o colesterol cerebral influencia a saúde do cérebro

Pesquisas revelam que o colesterol cerebral exerce papéis opostos: HDL protege a cognição, enquanto LDL elevado na meia-idade aumenta riscos de declínio e Alzheimer.

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Existe uma pequena porção de gordura no cérebro que atua como guardiã silenciosa da memória e da clareza mental. Quando esse sistema opera em harmonia, sustenta a capacidade de pensar e aprender; quando se desregula, desafia a vitalidade intelectual. Nesse cenário, o colesterol cerebral ganhou novo destaque ao aparecer no centro de pesquisas que mostram como o equilíbrio lipídico sustenta funções essenciais do pensamento (24/10). Investigadores da Universidade do Texas observaram que adultos com níveis mais altos de HDL apresentam maior volume de matéria cinzenta, aspecto ligado à preservação cognitiva ao longo da vida. “É uma divisão complexa e depende da qualidade desse colesterol”, afirmou o neurologista Marco Túlio Pedatella ao comentar os resultados.

A Revista Galileu reuniu evidências recentes que ajudam a explicar esses efeitos distintos entre o HDL — reconhecido como o colesterol “bom”, por atuar na proteção do tecido nervoso — e o LDL, conhecido como o colesterol “ruim”, por favorecer acúmulos que afetam a saúde do cérebro. Entre elas está um estudo da Universidade de Purdue mostrando que o excesso de LDL interfere na atuação das microglias, células fundamentais para a limpeza de placas amiloides. Nessa análise, a enzima DGAT2 se acumulou nas células e reduziu a capacidade de defesa. Para a cardiologista Fabiana Hanna Rached, “o desequilíbrio afeta a comunicação entre os neurônios e pode contribuir para o declínio cognitivo”. Assim, compreender o comportamento do colesterol do cérebro reforça caminhos de cuidado mais amplos.

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Como o colesterol cerebral age no organismo

O cérebro produz sua própria gordura e cria um sistema isolado pela barreira hematoencefálica, que oferece estabilidade às sinapses e à transmissão elétrica. Essa separação garante que derivações como a 24S-hidroxicolesterol sejam as únicas a passar entre os sistemas. Mesmo assim, fatores como síndrome metabólica e obesidade abdominal afetam indiretamente esse processo, muitas vezes reduzindo o volume cerebral observado em exames. De acordo com Pedatella, níveis lipídicos na meia-idade exercem influência maior sobre o risco futuro de demência.

Análise: caminhos para o futuro do metabolismo

Pesquisadores avaliam intervenções capazes de modular o colesterol neurológico, desde ajustes alimentares até o uso de estatinas em cenários específicos. Estudos sugerem que fortalecer a microglia, reduzir inflamações e apoiar o metabolismo lipídico podem ajudar a preservar memória e aprendizagem. Ao proteger o colesterol encefálico, torna-se possível ampliar a vitalidade intelectual e construir uma trajetória de envelhecimento mais ativa e consciente.