A TV 3.0 marca o passo mais ambicioso da televisão aberta brasileira desde a digitalização iniciada em 2007. A partir do primeiro semestre de 2026, o público começará a perceber uma mudança prática na forma de assistir TV: o conteúdo continua chegando pela antena, mas a experiência passa a dialogar com recursos típicos do ambiente on-line, como interatividade, recomendações e acesso direto a serviços digitais.
Integração de conteúdos
Na TV 3.0, o telespectador deixa de alternar entre canais abertos, aplicativos e plataformas isoladas. Tudo passa a coexistir em um único ambiente, acessado com navegação semelhante à da TV tradicional. Segundo Adriano Adoryan, gerente de soluções da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a proposta é reunir transmissão linear, aplicativos das emissoras e interação direta pelo controle remoto em uma mesma tela. Além disso, há ganhos claros em som e imagem, com resolução 4K e possibilidade futura de 8K, além de uma paleta de cores muito mais ampla.
Esse padrão foi desenvolvido ao longo de cinco anos, com participação de mais de 100 cientistas brasileiros. O conjunto de normas conhecido como DTV+ define desde a interface até critérios de privacidade e medição de audiência, criando um modelo que pode inspirar outros países.
Como a TV 3.0 muda o acesso à TV aberta
A TV 3.0 mantém o caráter aberto e gratuito da radiodifusão. O sinal básico não depende da internet, inclusive para alertas de emergência. A conexão, quando disponível, amplia recursos como votações em tempo real, conteúdos extras, acessibilidade avançada, publicidade personalizada e até compras pelo controle remoto. A adaptação ocorrerá de forma gradual, com início pelas capitais, e pode se estender por até 15 anos. Conversores devem permitir o acesso em televisores atuais, com preços iniciais estimados em cerca de R$ 350.
Além da experiência doméstica, a TV 3.0 também amplia o papel público da televisão. Está prevista uma plataforma que reunirá canais da União, oferecendo programação ao vivo, conteúdos sob demanda e serviços de governo digital. Para especialistas, esse ambiente compartilhado favorece o acesso à informação confiável e cria novas formas de participação social. Assim, a televisão volta a ocupar um espaço central no cotidiano, agora conectada a um futuro mais interativo e inclusivo.
